quinta-feira, 30 de abril de 2020

O Evangelho dominical (Pagola) -03.05.2020


JESUS É A PORTA

Jesus propõe a um grupo de fariseus um relato metafórico no qual critica com dureza os dirigentes religiosos de Israel. A cena é tirada da vida pastoril. O rebanho está recolhido dentro de um redil, rodeado por uma cerca ou muro, enquanto um guarda vigia o acesso. Jesus centra precisamente a sua atenção na porta que lhe permite chegar às ovelhas.
Há duas formas de entrar no redil. Tudo depende do que se pretende fazer com o rebanho. Se alguém se aproxima do redil e não entra pela porta, mas pula por outro lado, é evidente que não é o pastor. Não vem para cuidar do seu rebanho. É um estranho que vem roubar, matar e fazer mal.
A atuação do verdadeiro pastor é muito diferente. Quando se aproxima do redil, entra pela porta, chama as ovelhas pelo nome e elas atendem à sua voz. Tira-as para fora e, quando as reúne todas, coloca-se à frente e caminha à frente delas até aos pastos onde se poderão alimentar. As ovelhas seguem-no porque reconhecem a sua voz.
Que segredo está nessa porta que legitima os verdadeiros pastores que passam por ela e desmascara os estranhos que entram por outro lado, não para cuidar do rebanho, mas para fazer-lhe mal. Os fariseus não entendem de que aquele mestre lhes falando.
Então Jesus dá-lhes a chave do relato: «Asseguro-vos que sou a porta das ovelhas». Aqueles que entram no caminho aberto por Jesus e continuam a viver o Seu evangelho são verdadeiros pastores: saberão alimentar a comunidade cristã. Quem entra no redil deixando Jesus de lado e ignorando a sua causa são pastores estranhos: farão mal ao povo cristão.
Em não poucas igrejas, todos estamos sofrendo muito, tanto os pastores como o povo de Deus. As relações entre a hierarquia e o povo cristão são frequentemente vividas de forma receosa e tensa: há bispos que se sentem rejeitados; há setores cristãos que se sentem marginalizados.
Seria demasiado fácil atribuir tudo ao autoritarismo abusivo da hierarquia ou à inaceitável insubmissão dos fiéis. A raiz é mais profunda e complexa. Criamos uma situação difícil. Perdemos a paz. Vamos necessitar cada vez mais de Jesus.
Temos de fazer crescer entre nós o respeito mútuo e a comunicação, o diálogo e a busca sincera da verdade evangélica. Precisamos respirar o quanto antes um clima mais amigável na Igreja. Não sairemos desta crise se não voltamos todos ao espírito de Jesus. Ele é a porta.
José Antônio Pagola
(Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez)

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