quinta-feira, 23 de abril de 2020

Leitura Orante do Evangelho (24.04.2020)


Dia 24 de abril | Sexta-feira | 2ª Semana do Tempo pascal
Evangelho segundo São João 6,1-15

A leitura Orante da Palavra de Deus é um jeito de iluminar e fecundar nossa vida cotidiana – ações, relações e decisões – com a Palavra de Deus. Pode ser feita individualmente ou em família, em grupo ou em comunidade, inclusive através das redes sociais. Basta combinar a mídia e o horário mais adequados.

Em tempos de restrições à convivência social, por apreço e proteção aos nosso semelhantes, a leitura orante pode ser um modo de não reduzir nossa fé à simples assistência de celebrações virtuais.

Os textos sugeridos aqui são os indicados pela Igreja para todos os dias. Mas pode-se escolher outros textos, desde que tenham uma e se evite ficar apenas com os textos que agradam mais.

Que a Palavra encontre em cada um de nós um terreno fecundo, e, mesmo nesses tempos inesperadamente difíceis – pela pandemia e pelos desmandos no nosso país – produza muitos frutos.
(Missionários da Sagrada Família – Passo Fundo/RS)


(1)    Coloque-se em atitude de oração
·      Escolha o momento mais adequado e tranquilo desse domingo
·      Escolha o lugar no qual você se sente bem e tranquilo
·      Busque uma posição corporal que lhe ajude a concentrar-se
·      Acenda uma vela e tome a bíblia delicadamente em suas mãos
·      Tome consciência de si mesmo e do momento que você vive
·      Faça silêncio interior e ative o desejo de ouvir a Palavra de Deus
·      Invoque o Espírito Santo com um refrão, recite uma invocação, ou cante um mantra, como: Deus é amor! Arrisquemos viver por amor! Deus é amor, ele afasta o medo!


(2)    Leia o texto da Palavra de Deus
·      Leia com toda a sua atenção o texto de João 6,1-15
·      Leia o texto em voz alta (se possível)
·      Releia o texto uma ou mais vezes (se necessário)
·      Feche a bíblia e responda: O que este trecho da Palavra de Deus diz em si mesmo?
·      Recomponha na memória o que o texto diz, palavra por palavra, cena por cena: Jesus atravessando o mar com os discípulos, a multidão que se aproxima dele, o olhar que percebe a fome, a interpelação aos discípulos, os discípulos procurando ajudar Jesus, a apresentação dos pães e dos peixes, a multidão se alimentando satisfeita, a exaltação que leva a querer coroar Jesus como rei...

(3)    Medite a Palavra de Deus
·      Reconstrua o cenário do texto, incluindo a si mesmo/a na cena
·      Fique atento/a que esta palavra, fato ou cena desperta em você
·      Saboreie interiormente aquilo que mais ressoa ou atrai você
·      Procure perceber: O que a Palavra de Deus diz a você hoje?
·      Você se percebe no meio da multidão faminta, esperando alimento, ou entre os discípulos que acompanham Jesus e são chamados a colaborar com ele?
·      Qual é sua reação diante dos problemas que afligem os irmãos: indiferença? Cálculo? Busca de culpados? Envolvimento na busca de soluções?
·      O que você está disposto a colocar hoje nas mãos de Jesus para que ele ajude a diminuir o sofrimento do seu povo?
·      Acolha serenamente a mensagem que o texto transmite a você

(4)    Reze com o texto lido e meditado
·      Tome consciência de que este texto é Palavra de Deus
·      Como Deus iniciou o diálogo, e agora é sua vez de falar
·      Não mude de assunto, pois sua palavra é sua resposta a Deus
·      Permita que o próprio Deus dirija a sua oração, a sua resposta
·      Não se preocupe com raciocínios e frases bem articuladas
·      Também não corra atrás de sentimentos fortes
·      Procure perceber o que a Palavra de Deus lhe faz dizer a Deus?
·      Contemple o gesto de André e do “criadinho”, entregando a Jesus tudo o que tinha
·      Acompanhe com o olhar do coração o gesto de Jesus, tomando os pães baratos e os peixes, devolvendo-os a Deus e repartindo-os com aquele povo faminto

(5)    Contemple a vida à luz da Palavra
·      Procure contemplar a realidade do mundo com o olhar de Deus
·      Busque meios para colocar em prática o que Deus lhe fala
·      Perceba o que você precisa mudar a partir dessa meditação
·      Responda: O que Deus está pedindo que eu mude ou faça?
·      Assuma um compromisso pessoal de conversão e mudança
·      Como comportar-se de modo maduro e responsável em tempos de distanciamento social, quando há grupos irresponsáveis desrespeitando a ordem de ficar em casa?
·      Como aceitar o testemunho que Jesus dá de Deus num contexto em que os cristãos flertam com a indiferença e a violência?

(6)    Retorne à vida cotidiana
·      Se considerar conveniente, leia, na página seguinte, o subsídio proposto para ajudar na compreensão do texto lido
·      Recite o Pai Nosso e a Ave Maria, ou faça uma oração pessoal que resuma a experiência de oração desse dia.
·      Ou recite a invocação: Jesus, Maria e José, acolhei-nos, esclarecei-nos e acompanhai-nos!
·      Ou cante: Louvarei a Deus, seu nome bendizendo. Louvarei a Deus: à vida nos conduz...
·      Apague a vela, guarde a Bíblia e conclua seu tempo de oração

SUBSÍDIO

João evangelista nos apresenta o primeiro encontro de Jesus com a multidão. Estamos próximos da páscoa judaica, e Jesus realiza dois sinais: a multiplicação dos pães, às margens do lago, diante de uma multidão e a serviço dela; a caminhada sobre as águas, um sinal mais discreto, na presença apenas dos discípulos.

Jesus está no apogeu da sua missão: a multidão acolhe seu ensinamento e acredita nele, graças aos sinais que realiza. Mais isso acaba provocando uma crise: onde encontrar alimento para toda essa gente? Os discípulos já haviam discutido sobre isso, como aparece na resposta de Filipe (o custo seria de 100 dias de trabalho!).

Jesus convoca os discípulos a agir e cooperar com ele, e André encontra um começo de solução. Filipe não vislumbra solução fora do sistema. André verifica o que a comunidade dispõe para si mesma. O menino (“criadinho”), símbolo do discípulo, entrega o pouco que tem, sem reservar nada para si. E Jesus faz pelo povo aqui aquilo que se recusara a fazer para si mesmo.

Jesus toma os pães de cevada (de baixa qualidade) e os peixes e dá graças a Deus. Com isso, liberta estes parcos bens da apropriação privada e proclama que pertencem a Deus. É quando devolvemos o que temos a quem lhe pertence de verdade que brota a abundância. Mas os bens só produzem vida abundante quando os discípulos servem.

A resposta da multidão a essa ação de Jesus é o reconhecimento de que ele é o Profeta esperado. Mas esse entusiasmo esconde uma tentação: fazer de Jesus um rei. Este é o risco que ronda os líderes, quando fascinam o povo. Jesus se retira sozinho, busca a integridade e a serenidade de coração. Ele se afasta dos discípulos (também tentados pelo poder e pela passividade) e da multidão para se manter fiel à vontade do Pai.
(Itacir Brassiani msf)

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