“Sereis minhas testemunhas” (At 1, 8)
MENSAGEM DO FRANCISCO PARA O
DIA MUNDIAL DAS MISSÕES DE 2022
«Até aos confins do mundo»:
A atualidade
perene da missão evangelizadora
Ao exortar os discípulos a serem
as suas testemunhas, o Senhor ressuscitado anuncia aonde são enviados: «Em
Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo» (At 1,8). Aqui emerge muito
claramente o caráter universal da missão dos discípulos. Coloca-se em destaque
o movimento geográfico centrífugo, quase em círculos concêntricos, desde
Jerusalém à Judeia e Samaria, e até aos extremos «confins do mundo». Não são
enviados para fazer proselitismo, mas para anunciar; o cristão não faz
proselitismo. Os Atos dos Apóstolos narram-nos este movimento missionário: o
mesmo dá-nos uma imagem muito bela da Igreja «em saída» para cumprir a sua
vocação de testemunhar Cristo Senhor, orientada pela Providência divina através
das circunstâncias concretas da vida. Com efeito, os primeiros cristãos foram
perseguidos em Jerusalém e, por isso, dispersaram-se pela Judeia e a Samaria,
testemunhando Cristo por toda a parte (cf. At 8, 1.4).
Algo semelhante acontece ainda no
nosso tempo. Por causa de perseguições religiosas e situações de guerra e
violência, muitos cristãos veem-se constrangidos a fugir da sua terra para
outros países. Estamos agradecidos a estes irmãos e irmãs que não se fecham na
tribulação, mas testemunham Cristo e o amor de Deus nos países que os acolhem.
Com efeito, experimentamos cada vez mais como a presença dos fiéis de várias
nacionalidades enriquece o rosto das paróquias, tornando-as mais universais,
mais católicas. Consequentemente, o cuidado pastoral dos migrantes é uma
atividade missionária que não deve ser descurada, pois poderá ajudar também os
fiéis locais a redescobrir a alegria da fé cristã que receberam.
A
indicação «até aos confins do mundo» deverá interpelar os discípulos de Jesus
de cada tempo, impelindo-os sempre a ir mais além dos lugares habituais para
levar o testemunho d’Ele. Hoje, apesar de todas as facilidades resultantes dos
progressos modernos, ainda existem áreas geográficas aonde não chegaram os
missionários testemunhas de Cristo com a Boa Nova do seu amor. Por outro lado,
não existe qualquer realidade humana que seja alheia à atenção dos discípulos
de Cristo, na sua missão. A Igreja de Cristo sempre esteve, está e estará «em saída»
rumo aos novos horizontes geográficos, sociais, existenciais, rumo aos lugares
e situações humanos «de confim», para dar testemunho de Cristo e do seu amor a
todos os homens e mulheres de cada povo, cultura, estado social. Neste sentido,
a missão será sempre também missio ad gentes, como nos ensinou o
Concílio Vaticano II, porque a Igreja terá sempre de ir mais longe, mais além
das próprias fronteiras, para testemunhar a todos o amor de Cristo. A
propósito, quero lembrar e agradecer aos inúmeros missionários que gastaram a
vida para «ir mais além», encarnando a caridade de Cristo por tantos irmãos e
irmãs que encontraram.
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