NÃO AFOGAR O AMOR SOLIDÁRIO
O amor é a energia que dá
verdadeira vida à sociedade. Em cada civilização existem forças que geram vida,
verdade e justiça, e forças que causam morte, mentiras e indignidade. Não é
fácil perceber, mas na raiz do da vida está sempre o amor.
Por isso, quando numa sociedade
se afoga o amor, afoga-se ao mesmo tempo a dinâmica que conduz ao crescimento
humano e à expansão da vida. Daí a importância de cuidar socialmente do amor e
de lutar contra tudo o que o possa destruir.
Uma forma de matar o amor pela
raiz é manipular as pessoas. Na sociedade atual, proclama-se em voz alta os
direitos da pessoa, mas depois os indivíduos são sacrificados ao desempenho, à
utilidade ou ao desenvolvimento do bem-estar.
Então acontece então aquilo que
chamamos de “eutanásia da liberdade”: cada vez há mais pessoas que vivem uma
«não-liberdade confortável, cômoda, razoável e democrática». Vive-se bem, mas
sem conhecer a verdadeira liberdade nem o amor.
Outro risco para o amor é o
funcionalismo. Na sociedade da eficácia, o importante não são as pessoas, mas a
função que desempenham. O indivíduo fica facilmente reduzido a uma engrenagem
da máquina: no trabalho é um empregado; no consumo, um cliente; na política, um
voto; no hospital, o número da cama… Nesta sociedade as coisas funcionam, mas as
relações entre as pessoas morrem.
Outra forma frequente de afogar
o amor é a indiferença. O funcionamento da sociedade moderna concentra os
indivíduos nos seus próprios interesses. Os outros são uma abstração.
Publicam-se estudos e estatísticas por detrás dos quais se esconde o sofrimento
das pessoas concretas. Não é fácil sentir-nos responsáveis. Diz-se que é a
administração pública que tem que se ocupar com esses problemas.
Que podemos fazer cada um de
nós? Perante tantas formas de falta de amor, João Batista sugere uma posição
clara: «Quem tem duas túnicas, que as reparta com quem não tem nenhuma; e o que
tem comida que faça o mesmo». O que podemos fazer? Simplesmente partilhar mais
o que temos com aqueles que vivem em necessidade.
José Antônio Pagola
Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez
Um comentário:
Inêz Maciel
Tá difícil o amor verdadeiro hoje!
Enquanto durmo, como, moro, vivo bem, os outros que se danem. Isso me dói na alma.
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