sábado, 11 de janeiro de 2025

Batismo de Nosso Senhora

NÃO AFOGAR O AMOR SOLIDÁRIO

O amor é a energia que dá verdadeira vida à sociedade. Em cada civilização existem forças que geram vida, verdade e justiça, e forças que causam morte, mentiras e indignidade. Não é fácil perceber, mas na raiz do da vida está sempre o amor.

Por isso, quando numa sociedade se afoga o amor, afoga-se ao mesmo tempo a dinâmica que conduz ao crescimento humano e à expansão da vida. Daí a importância de cuidar socialmente do amor e de lutar contra tudo o que o possa destruir.

Uma forma de matar o amor pela raiz é manipular as pessoas. Na sociedade atual, proclama-se em voz alta os direitos da pessoa, mas depois os indivíduos são sacrificados ao desempenho, à utilidade ou ao desenvolvimento do bem-estar.

Então acontece então aquilo que chamamos de “eutanásia da liberdade”: cada vez há mais pessoas que vivem uma «não-liberdade confortável, cômoda, razoável e democrática». Vive-se bem, mas sem conhecer a verdadeira liberdade nem o amor.

Outro risco para o amor é o funcionalismo. Na sociedade da eficácia, o importante não são as pessoas, mas a função que desempenham. O indivíduo fica facilmente reduzido a uma engrenagem da máquina: no trabalho é um empregado; no consumo, um cliente; na política, um voto; no hospital, o número da cama… Nesta sociedade as coisas funcionam, mas as relações entre as pessoas morrem.

Outra forma frequente de afogar o amor é a indiferença. O funcionamento da sociedade moderna concentra os indivíduos nos seus próprios interesses. Os outros são uma abstração. Publicam-se estudos e estatísticas por detrás dos quais se esconde o sofrimento das pessoas concretas. Não é fácil sentir-nos responsáveis. Diz-se que é a administração pública que tem que se ocupar com esses problemas.

Que podemos fazer cada um de nós? Perante tantas formas de falta de amor, João Batista sugere uma posição clara: «Quem tem duas túnicas, que as reparta com quem não tem nenhuma; e o que tem comida que faça o mesmo». O que podemos fazer? Simplesmente partilhar mais o que temos com aqueles que vivem em necessidade.

José Antônio Pagola

Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez

Um comentário:

Anônimo disse...

Inêz Maciel
Tá difícil o amor verdadeiro hoje!
Enquanto durmo, como, moro, vivo bem, os outros que se danem. Isso me dói na alma.