Nossa vida não deve
ser apenas remendada, mas renovada | 598 | 20.01.2025 | Marcos 2,18-22
A
passagem que meditamos no último sábado apresentava o questionamento dos
fariseus diante do fato de Jesus e seus discípulos se sentarem à mesa lado a
lado com pecadores de diversos tipos. O texto de hoje continua com o tema da
refeição, mas o questionamento dos críticos de plantão é sobre o jejum.
Eles observam os
discípulos de Jesus e perguntam por que eles não jejuam, enquanto que os
fariseus e os discípulos de João praticam esta regra de piedade. Na verdade, a
lei de Moisés obrigava o fiel a jejuar apenas uma vez por ano (na festa da
expiação), mas o grupo dos fariseus praticava o jejum voluntariamente duas
vezes por semana. Eram bem vistos por isso, mas queriam impor a todos.
Na discussão
sobre o jejum, o que está em questão é o caminho prático que nos leva à
santidade, à pureza, a estar de bem com Deus: a penitência, expressa no jejum,
ou o Reino de Deus, que se mostra na alegria da fraternidade? Como no episódio
de sábado (cf. Mc 2,13-17), o questionamento se dirige ao comportamento dos
discípulos, mas a intenção é atingir o mestre.
Para Jesus, o
problema não é o jejum em si mesmo, mas o lugar que lhe dão os fariseus na
prática da fé. E também o lugar dele no tempo especial que eles vivem: a
chegada do Reino de Deus. Ninguém jejua numa festa de casamento, mas come, bebe
e participa da alegria dos noivos. E este é o tempo dos discípulos. Jesus é o
noivo que, em nome de Deus, assina a aliança de compromisso com a humanidade.
Para Jesus, o
jejum exagerado que os fariseus praticam e ensinam não passa de um belo remendo
de pano novo numa roupa velha. E o seguimento de Jesus na perspectiva solidária
do Reino de Deus não cabe no velho barril daquela piedade social sofisticada e
mortificadora. Repetir essas práticas é como que colocar em risco a liberdade
do Reino de Deus.
Jesus
não veio pedir para que multipliquemos promessas e ave-marias, nem para
implorar ofertas e jaculatórias, menos ainda para pedir para queimar velas e
mais velas, mas para solicitar a nossa participação na solidária e inclusiva
caravana da vida nova.
Meditação:
§ De
onde vem a dificuldade de viver a alegria do Reino de Deus e a insistência de
nossas Igrejas com as penitências e jejuns?
§ O que
precisamos fazer, nós e nossas comunidades eclesiais, para não remendar velhas
práticas e ideologias com o Evangelho?
§ Como
poderíamos expressar e celebrar a alegria pela aliança de Deus com a
humanidade, que produz vida abundante para todos?
§ Como poderíamos evitar que a novidade
da vida de Jesus e seu Evangelho seja sequestrada por morais arcaicas e
rígidas?
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