Façamos o que Jesus
diz, e a vida se torna festa para todos | 597 | 19.01.2025 | João 2,1-11
O casamento narrado pelo evangelho de João é um entre tantos outros que
aconteciam no tempo de Jesus, e Caná é um lugar insignificante na geografia e
na economia de então. Mas Jesus, seus discípulos, seus parentes e sua mãe
estavam lá, e isso confere importância à cena. A mãe de Jesus percebe a
carência e avisa o filho. Seu olhar é justo e adequado, e não manifesta nenhuma
ironia ou crítica.
Notar que o vinho
acabou significa perceber a esterilidade da velha aliança, revelar que a crise
entre o povo e Deus chegara ao seu ápice. Na observação de Maria ressoa a voz
desolada de um povo inteiro que percebe que a alegria da velha aliança está se
exaurindo e as lideranças não se dão conta. Respondendo à mãe, Jesus sublinha
que ele é um simples convidado, e com o substantivo “mulher”, parece não dar
importância pública aos laços de sangue.
Maria é uma mulher
totalmente seduzida pelo mistério de Deus e do seu Reino. A ele e à sua vontade
havia dado seu consentimento quando da anunciação. Ela nos ensina que, para ser
discípulo de Jesus, é necessário aderir a ele, aprender com ele, e fazer o que
ele pede. É preciso passar da nossa vontade à vontade de Deus, permitir que
nossa vida seja radicalmente transformada nele, com ele e por ele.
Jesus lança mão de
seis jarras de pedra (a pedra simboliza a Lei, e o número seis remete aos seis
dias da criação), mas aparentemente não faz nada. Os serventes fazem sem protesto
e sem demora o que Jesus pede, e a água acaba misteriosamente transformada em
vinho. Fazendo isso, Jesus se revela como o verdadeiro noivo, e é a humanidade
inteira que se beneficia. Em Jesus, Deus faz aliança com a humanidade e
comunica a ela a vida abundante.
Este é o primeiro sinal que Jesus realiza publicamente. Na verdade, ele
não faz nada, a não ser orientar os serventes. O segredo da vida abundante e da
festa da vida está em fazer o que Jesus diz: amar como ele amou; adorar a Deus
em espírito e verdade; reconhecer as próprias culpas antes de apedrejar os
outros; nascer de novo e do alto (do amor crucificado); cuidar das suas
ovelhas...
Meditação:
·
O que Maria disse silenciosamente ao Brasil que
escravizava os negros quando encontraram sua imagem de cor negra?
·
O que Maria está dizendo hoje, quando a
indiferença, intolerância e a violência contra negros, indígenas, migrantes e
outras minorias brotam por todos os lados?
·
Daquilo que Jesus fez e pede que façamos, o que é
indispensável para resgatar a dignidade dos oprimidos?
·
O que poderíamos fazer para evitar que nossas
liturgias se tornem vazias, incapazes de suscitar esperança e alegria?
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