terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Lancemos a semente na terra!

Lancemos a semente na terra, pois isso não será em vão! | 607 | 29.01.2025 | Marcos 4,1-20

Marcos nos apresenta duas catequeses mais extensas que Jesus dirige ao povo em geral e aos seus discípulos em particular: o capítulo 4 (em linguagem parabólica); e o capítulo 13 (em linguagem apocalíptica). A linguagem é diferente, mas o tema é o mesmo: as dificuldades da missão de Jesus e da missão daqueles que o seguem. E o apelo de Jesus também é o mesmo: escutar, entender e vigiar.

A crescente polarização entre o “pessoal do templo” e o “pessoal de Jesus” leva Jesus a se retirar para refletir sobre sua missão e intensificar a formação dos seus discípulos. Recorrendo a parábolas ligadas à experiência da vida no campo, Jesus quer suscitar nos seus ouvintes a esperança em meio às dificuldades. É uma espécie de sermão sobre a paciência e a perseverança missionária.

Contra aquilo que poderíamos chamar de realismo cínico daqueles que dizem que nada mudará na face da terra, que não adianta sonhar e tentar (a falsa sabedoria do senso comum), Jesus apresenta duas parábolas de sementes: a primeira convoca à paciência perseverante e revolucionária; e a segunda incita à esperança apesar das desigualdades que infestam e ferem a vida dos pobres. Jesus insiste que é preciso escutar e entender as lições da semente.

Tanto a parábola do semeador como a explicação que a segue estão no contexto do intenso conflito ideológico entre o ensino e a prática de Jesus e o ensino e a prática dos doutores da lei. As parábolas refletem os obstáculos enfrentados pela missão de Jesus e seus discípulos. Não são simples ‘narrativas terrenas com sentidos celestes’, mas demonstrações compreensíveis sobre o dinamismo do Reino de Deus nas coisas mundanas, históricas.

Os três tipos de terra inaptos à semente do Reino são três tipos de discipulado deficiente: aqueles que se afastam imediatamente depois de escutar o anúncio do Reino de Deus, ancorados num falso bom senso; aqueles que se entusiasmam e se alegram, mas não compreendem nem acolhem com profundidade; aqueles que aderem à dinâmica do Reino mas desistem porque são sufocados pelas riquezas e outras ambições. Mas há esperança, porque há também um grupo de discípulos (a quarta parte, ou 25%!) que ouvem, entendem, perseveram e dão frutos. Portanto, menos lamentações e mais ações!

 

Meditação:

§   Releia o texto com a imaginação e atenção na parábola, na reação dos discípulos e na explicação de Jesus

§   Em que medida nossa forma de seguir Jesus também apresenta as deficiências dos três primeiros tipos de terreno?

§   Você não é tentado a pensar que nada vale a pena, que nada muda, que tudo está perdido, que só resta salvar a alma?

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