Lancemos a semente na terra, pois isso não será em vão! | 607 | 29.01.2025
| Marcos 4,1-20
Marcos nos apresenta duas
catequeses mais extensas que Jesus dirige ao povo em geral e aos seus
discípulos em particular: o capítulo 4 (em linguagem parabólica); e o capítulo
13 (em linguagem apocalíptica). A linguagem é diferente, mas o tema é o mesmo:
as dificuldades da missão de Jesus e da missão daqueles que o seguem. E o apelo
de Jesus também é o mesmo: escutar, entender e vigiar.
A crescente polarização entre
o “pessoal do templo” e o “pessoal de Jesus” leva Jesus a se retirar para
refletir sobre sua missão e intensificar a formação dos seus discípulos.
Recorrendo a parábolas ligadas à experiência da vida no campo, Jesus quer suscitar
nos seus ouvintes a esperança em meio às dificuldades. É uma espécie de sermão
sobre a paciência e a perseverança missionária.
Contra aquilo que poderíamos
chamar de realismo cínico daqueles que dizem que nada mudará na face da terra,
que não adianta sonhar e tentar (a falsa sabedoria do senso comum), Jesus
apresenta duas parábolas de sementes: a primeira convoca à paciência
perseverante e revolucionária; e a segunda incita à esperança apesar das
desigualdades que infestam e ferem a vida dos pobres. Jesus insiste que é
preciso escutar e entender as lições da semente.
Tanto a parábola do semeador
como a explicação que a segue estão no contexto do intenso conflito ideológico
entre o ensino e a prática de Jesus e o ensino e a prática dos doutores da lei.
As parábolas refletem os obstáculos enfrentados pela missão de Jesus e seus
discípulos. Não são simples ‘narrativas terrenas com sentidos celestes’, mas
demonstrações compreensíveis sobre o dinamismo do Reino de Deus nas coisas
mundanas, históricas.
Os três tipos de terra
inaptos à semente do Reino são três tipos de discipulado deficiente: aqueles
que se afastam imediatamente depois de escutar o anúncio do Reino de Deus,
ancorados num falso bom senso; aqueles que se entusiasmam e se alegram, mas não
compreendem nem acolhem com profundidade; aqueles que aderem à dinâmica do
Reino mas desistem porque são sufocados pelas riquezas e outras ambições. Mas
há esperança, porque há também um grupo de discípulos (a quarta parte, ou 25%!)
que ouvem, entendem, perseveram e dão frutos. Portanto, menos lamentações e
mais ações!
Meditação:
§ Releia
o texto com a imaginação e atenção na parábola, na reação dos discípulos e na explicação
de Jesus
§ Em
que medida nossa forma de seguir Jesus também apresenta as deficiências dos
três primeiros tipos de terreno?
§ Você não
é tentado a pensar que nada vale a pena, que nada muda, que tudo está perdido,
que só resta salvar a alma?
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