ALEGRIA E AMOR
Segundo o evangelista João, Jesus
realizou sinais para dar a conhecer o mistério contido na sua pessoa e para
convidar as pessoas a acolher a força salvadora que trazia consigo. Qual foi o
primeiro sinal? Qual é a primeira coisa que devemos encontrar em Jesus?
O evangelista fala de um casamento em
Caná da Galileia, uma pequena aldeia montanhosa, a quinze quilômetros de
Nazaré. No entanto, a cena tem um carácter claramente simbólico. Nem a mulher
nem o marido têm rosto e nome: não falam nem agem. O único importante é um convidado
chamado Jesus.
Os casamentos na Galileia eram a
celebração mais esperada e apreciada pela população rural. Durante vários dias,
familiares e amigos acompanhavam os noivos, comendo e bebendo com eles,
dançando danças nupciais e cantando canções de amor. De repente, a mãe de Jesus
chama-lhe a atenção para algo terrível: «Já não têm vinho». Como vão continuar
a cantar e a dançar?
O vinho era essencial num casamento.
Para aquelas pessoas, o vinho era também o símbolo mais expressivo de amor e
alegria. A tradição dizia que o vinho alegra o coração. Cantava a noiva ao seu
amado numa bonita canção de amor: «Os teus amores são melhores que o vinho»”. O
que pode ser um casamento sem alegria e amor? O que se pode celebrar com o
coração triste e vazio de amor?
No pátio da casa estão seis jarros de
pedra. Eles são enormes. São colocados ali, de forma fixa. Neles se guarda a
água para as purificações. Representam a piedade religiosa daqueles camponeses
que procuram viver puros diante de Deus. Jesus transforma a água em vinho. A
sua intervenção introduz amor e alegria naquela religião. Esta é a sua primeira
contribuição.
Como podemos pretender seguir Jesus sem
cuidar mais da alegria e do amor? Que pode haver de mais importante que isto na
Igreja e no mundo? Até quando poderemos conservar em jarros de pedra uma fé
triste e aborrecida? Para que servem todos os nossos esforços, se não somos
capazes de introduzir amor na nossa religião? Nada pode ser mais triste do que
dizer de uma comunidade cristã: «Já não têm vinho».
José Antônio Pagola
Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez
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