Jesus devolve a
dignidade e a autonomia a quem é dependente | 595 | 17.01.2025 | Marcos 2,1-12
A cena do evangelho de ontem terminou
com o homem leproso curado e atuando como apóstolo, e Jesus escondendo-se para
despistar os piedosos delatores (“Jesus não podia mais entrar publicamente numa
cidade”). A cena de hoje está na sequência. Está situada de novo em Cafarnaum,
onde Jesus havia passado a residir com os discípulos.
Em Cafarnaum, Jesus continua a atividade própria de
um profeta e mestre: o ensino sobre o Reino de Deus. Desta vez, porém, ele o
faz no espaço mais livre das casas, e não na sinagoga, espaço controlado pelos
doutores da lei. O povo se reúne, e até o pátio da casa fica apinhado de gente.
É a dificuldade de atravessar a multidão e chegar até a presença de Jesus que
leva um grupo de pessoas a uma ação que é vista como uma impressionante
expressão de fé.
Como sempre, a fé abre horizontes e mobiliza as
energias na busca de soluções humanas para os problemas humanos. Um quarteto de
homens, carregando uma maca com um homem paralítico, sobe no telhado da casa,
abre um buraco e baixa a maca com o paralítico bem à frente de Jesus. Aquilo
que para alguns poderia parecer ridículo ou extravagante, é interpretado por
Jesus como límpido sinal de fé, capaz de estimular uma resposta compassiva.
Vendo a fé e o empenho daquelas pessoas, Jesus
declara que os pecados do paralítico (que, segundo a moral de em tão, são a
causa da paralisia) não existem mais. É isso que significa dizer que os pecados
estão perdoados. Os doutores da lei, que há mais tempo estão ao encalço de
Jesus, consideram isso uma blasfêmia intolerável. Para eles, somente Deus, e
através das lideranças do templo, poderia perdoar pecados.
Para deixar bem claro que faz tudo de acordo com a vontade de Deus
e reinsere os excluídos na sociedade e o faz em nome dele, Jesus ordena que o
homem perdoado se coloque de pé, tome sua cama e vá para casa. E assim acontece,
diante dos olhos esbugalhados dos doutores da lei e da admiração do povo, que
nunca tinha visto algo assim: alguém que, por amor e afirmação da dignidade,
levanta o manto da exclusão e ajuda as pessoas a caminharem com autonomia.
Meditação:
§ Perceba
o ódio e a violência que alimenta a postura falsamente piedosa dos doutores da
lei, incapazes de ver a dor humana
§ Quais
são as pessoas que você e sua família estão ajudando a chegar a Jesus e seu
Evangelho para serem libertadas
§ Você que
superou totalmente a ideia de que as doenças e sofrimentos são castigo de Deus
por algum pecado cometido?
§ Como
os cristãos podemos atuar para desfazer o falso vínculo entre sofrimento ou
doença e as culpas ou pecados pessoais?
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