Nos passos de Jesus, somos libertados do medo e das ambições | 610 | 01.02.2025
| Marcos 4,35-41
Recorrendo
a diversas parábolas, Jesus havia acabado de desenvolver uma longa catequese
sobre o misterioso dinamismo do Reino de Deus. Diante da rejeição da parte das
autoridades religiosas, e frente à incompreensão dos próprios familiares, Jesus
sente necessidade de intervir para manter a esperança e ativar a paciência.
Parece que o esforço
de Jesus estava dando poucos frutos. Dominados por medos e amarrados por muitas
preocupações mesquinhas, os discípulos do tempo de Marcos enfrentam as dificuldades
de modo muito diferente de Jesus. Atravessando o mar revolto da vida no mesmo
barco, Jesus permanece confiante e tranquilo, enquanto que eles se apavoram. Os
discípulos têm dificuldades de aceitar o dinamismo, as exigências e
consequências do Reino de Deus. Não conseguem confiar a Deus e seu reino a
própria vida.
Parece também que a
Palavra de Jesus, a Boa Notícia do Reino encontrou nos próprios discípulos uma
terra dura, rasa ou infestada de ervas daninhas. Eles têm a impressão de que
correm o risco de morrer, e não percebem que o que está morrendo neles é a Boa
Notícia do Reino de Deus. Pensam que Jesus não se importa com eles, e não
percebem o tanto que os ama e preza. Eles ainda precisam percorrer um longo
caminho para que uma fé que os sustente. O medo das perdas ainda se sobrepõe à
confiança.
Jesus é acordado por
eles, e fala forte, ordenando que silenciem estas agitações e se cale a voz
dissidente do medo que ameaça seus discípulos. Eles precisam conhecer melhor
quem é este profeta da Galileia, esse mestre que ensina com autoridade e
enfrenta as forças e instituições que se opõem ao querer de Deus.
Os
discípulos da primeira hora precisam superar a insistente e crônica divergência
com Jesus. Precisam descobrir, compreender e acolher o cerne da sua pregação e
missão: o Reino de Deus chegou, e é graça que liberta; ele pede mudança das
pessoas e estruturas; dá prioridade aos pobres e aos meios mais frágeis; e
passa pela cruz, pelo dom de si mesmo. Em que medida também nós ainda
precisamos assimilar essa realidade?
Meditação:
· Releia
o texto com atenção, relacionando-o com as repetidas crises nas quais o
seguimento de Jesus coloca seus discípulos
· Você
consegue perceber a agitação e o medo de muitos católicos na passagem de uma fé
intimista a um engajamento no mundo?
· Não
ocorre também a nós pensar que Jesus está longe ou indiferente dos ventos e
ondas que ameaçam a humanidade?
· Será
que também nós não necessitamos conhecer melhor quem é esse Jesus em quem
dizemos ter posto nossa confiança?
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