Roteiro de Leitura Orante do Evangelho 366
Dia 23/04/2021 | 3ª Semana da Páscoa | Sexta-feira
Evangelho segundo João (6,52-59)
(1) Coloque-se em atitude de oração
·
Escolha um momento adequado e
tranquilo/a para a meditação
·
Escolha o lugar no qual você se sinta
bem e não seja interrompido
·
Busque uma posição corporal que lhe
ajude a concentrar-se
·
Acenda uma vela, e tome a bíblia em
suas mãos
·
Tome consciência de si mesmo/a e do
momento que vivemos
·
Faça silêncio interior e ative o desejo
de ouvir a Palavra de Deus
·
Prepare-se cantando: “Escuta, Israel! Javé, teu Deus,
quer falar!” (Acessível aqui: https://www.youtube.com/watch?v=i0bKKVkgJ3o)
(2)
Leia o texto da Palavra de Deus
· Leia
com toda a atenção o texto de João 6,52-59
· Leia
o texto em voz alta (se achar necessário e for possível)
· Esta é a penúltima
parte da catequese de Jesus sobre o verdadeiro alimento, que ele desenvolve
depois de saciar a fome da multidão
· A questão de fundo é o
caminho ou o meio que assegura a salvação da humanidade, sua realização e sua
vida plena
· Para Jesus, a plenitude
da vida não vem nem pelo cumprimento da Lei, nem pela distribuição de alimentos
que mantém as pessoas dependentes
· O único modo de
assegurar o acesso a essa plenitude é “viver por causa dele”, ou “comer sua
carne e beber seu sangue”
· Em outras palavras: a
vida vem em abundância quando assimilamos e fazemos nossa (“comemos”) a
humanidade e a compaixão de Jesus
· O
que este trecho da Palavra de Deus diz em si mesmo?
(3)
Medite a Palavra de Deus
· Procure
perceber: O que a Palavra de Deus diz a você hoje?
· Recomponha na memória este trecho da catequese pascal
que Jesus desenvolve para a multidão que o procura
· O que significa a insistência de Jesus, que fala
quatro vezes em “comer” sua carne e “beber” seu sangue?
· Será que não nos enganamos ainda hoje, pensando que o
que nos salva é o “poder” de Jesus, e não sua compaixão e humanidade?
· Em que apostamos “todas as nossas fichas”, porque
cremos que somente isso nos dá vida e salvação?
· O que significa viver “por causa de Jesus”, assim como
ele viveu “por causa do Pai” que vive e o enviou?
(4)
Reze com o texto lido e meditado
· Tome
consciência de que este texto é Palavra de Deus
· Depois
de escutar atentamente, agora é sua vez de falar
· Não
mude de assunto, pois sua palavra é sua resposta a Deus
· Permita
que o próprio Deus dirija a sua oração, a sua resposta
· Não
se preocupe com raciocínios e frases bem articuladas
· Procure
perceber o que a Palavra de Deus lhe faz dizer a Deus?
(5) Contemple a vida à luz da Palavra
· Procure
contemplar a realidade do mundo com o olhar de Deus
· Busque
meios para colocar em prática o que Deus lhe fala
· Perceba
o que você precisa mudar a partir dessa meditação
· Responda:
O
que Deus está pedindo que eu mude ou faça?
· O que fazer para
desbancar a ideia de poder e colocar o dinamismo da compaixão no centro da
nossa fé e da nossa ação?
(6) Retorne à vida cotidiana
· Recite
o Pai Nosso e a Ave Maria
· Recite
ou cante a invocação: Jesus, Maria e José: acolhei-nos,
iluminai-nos e congregai-nos!
· Medite
e reze com canção paulina: Quem
nos separará do amor de Cristo? (Acessível aqui: https://www.youtube.com/watch?v=AOy0kWK67Nw)
· Assuma
um compromisso pessoal de conversão e mudança
· Apague
a vela e termina seu momento de oração
Algumas
pistas sobre João 6,52-59
Neste
penúltimo trecho da “catequese” que Jesus após o sinal da multiplicação dos
pães e dos peixes, a discussão se concentra na vulnerabilidade da condição
humana de Jesus (sua “carne” e seu “sangue”). No centro da polêmica está a
questão do caminho que assegura a vida plena: este caminho é a Lei (o ditado de
Deus) ou a pessoa humana concreta e frágil de Jesus (o enviado do Pai)?
O
judaísmo chamava “Lei” ao conjunto de valores e práticas (atitudes, mandamentos
e proibições) que garantiam que uma pessoa fosse boa, ou seja, garantia a
salvação. É o que hoje chamamos de ideologia: conjunto de fins e meios, valores
e práticas que nos torna “pessoas de bem”, diferentes e melhores que os outros.
Hoje, são leis como “cada um pra si”; “quem pode mais chora menos”; “direitos
humanos são para os humanos direitos”; e assim por diante.
Os
líderes do judaísmo consideraram incompreensível e inaceitável que Jesus
Cristo, em sua concretude e humana fragilidade (“carne e sangue”) pudesse ser
este caminho. Para eles, não existia outro caminho senão o poder, a separação,
a supremacia de uns sobre outros, a distância em relação àqueles “que não rezam
pela cartilha deles”.
Jesus,
por sua parte, insiste que não há caminho para a vida abundante que não passe
pela assimilação daquela compaixão que o faz irmão e servidor da humanidade, a
ponto de dar a própria vida. Isso fica claro na expressão “carne e sangue”, que
Jesus repete quatro vezes. É na sua paixão e morte que ele dá seu corpo e
sangue e se torna pão para a vida do mundo. Salva-se quem assimila sua
humanidade.
Assim,
Jesus de Nazaré, o Enviado do Pai para dar vida ao mundo, o Filho do Homem que
demonstra em sinais a compaixão de Deus especialmente pelas pessoas e grupos
mais oprimidos e sofredores, assume e supera o Antigo Testamento, mostra que a
Lei caducou. O amor incondicional e generoso manifestado por Jesus e assimilado
por seus discípulos é o que dá vida ao mundo. Quem come deste “pão”, viverá
eternamente, e saciará a fome e a sede da humanidade.
(Itacir Brassiani msf)
Pensamento do
Papa Francisco
“Entre as religiões, é possível um caminho de paz. O ponto
de partida deve ser o olhar de Deus. Porque, Deus não olha com os olhos, Deus olha com o coração. E o amor de Deus é
o mesmo para cada pessoa, seja qual for a religião. E se é um ateu, é o mesmo
amor. Quando chegar o último dia e houver a luz suficiente na terra para
poder ver as coisas como são, não faltarão surpresas!” (Fratelli Tutti, § 281)
Leitura Orante do Evangelho
A Leitura Orante da Palavra de Deus é um exercício para iluminar e para
fecundar nossa vida cotidiana com a Palavra de Deus. Pode ser feita
individualmente ou em família, em grupo ou em comunidade.
O Papa Bento XVI diz que “ouvir juntos a Palavra de
Deus, praticar a Lectio Divina, deixar-se surpreender pela novidade do
Evangelho, superar a surdez àquilo que não está de acordo com nossas opiniões
ou preconceitos, é um caminho para alcançar a unidade da fé, como resposta à
escuta da Palavra”.
Em tempos nos quais o amor ao próximo e a precaução com a
saúde impõem restrições à convivência e à movimentação social, a Leitura Orante é um modo de ir além da
simples assistência de celebrações virtuais e uma forma evitar que este seja um
tempo pesado e estéril.
Os textos propostos aqui são aqueles indicados pela Igreja
para a liturgia diária. Pessoas e grupos que desejarem, podem escolher outros
textos, desde que tenham uma sequência, seja preparado um roteiro e se evite
escolher apenas os textos que agradam mais.
Que a
Palavra de Deus encontre em cada um/a de nós um terreno fecundo, e, mesmo
nesses tempos inesperadamente difíceis, produza bons e abundantes frutos para a
vida do mundo.
Missionários
da Sagrada Família
https://misafala.org/ | Passo Fundo/RS
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