quinta-feira, 29 de abril de 2021

O Evangelho dominical (Pagola) - 02.05.2021

NÃO NOS SEPAREMOS DE JESUS!

A imagem é simples e de grande força expressiva. Jesus é a verdadeira videira, cheia de vida; os discípulos são ramos, que vivem da seiva que lhes chega de Jesus; o Pai é o agricultor que cuida pessoalmente da vinha para que dê fruto abundante. A coisa mais importante é que o seu projeto de um mundo mais humano e feliz para todos vá se tornando realidade.

A imagem revela onde está o problema. Há ramos secos pelos quais não circula a seiva de Jesus. Discípulos/as que não dão frutos porque não corre pelas suas veias o Espírito do Ressuscitado. Comunidades cristãs que definham desligadas da Sua pessoa.

É por isso que se faz uma afirmação carregada de intensidade: «O ramo não pode dar fruto se não permanecer na videira». A vida dos/as discípulos/as é estéril se eles/as não permanecem em Jesus. As palavras de Jesus são categóricas: «Sem mim não podeis fazer nada!» Não está sendo revelada aqui a verdadeira raiz da crise do nosso cristianismo, o fator interno que fragiliza os seus fundamentos como nenhum outro?

A forma como muitos cristãos vivemos nossa religião, sem uma união vital com Jesus Cristo, não sobreviverá por muito tempo: ficará reduzida a folclore anacrônico, incapaz de trazer a alguém a Boa Nova do Evangelho. A Igreja não poderá levar a cabo a sua missão no mundo contemporâneo se aqueles/as que nos apresentamos como cristãos não nos convertermos em discípulos/as de Jesus, animados/as pelo seu espírito e a sua paixão por um mundo mais humano.

Ser cristão exige hoje uma experiência vital de Jesus Cristo, um conhecimento interior da sua pessoa e uma paixão pelo seu projeto que não se requeriam para ser praticante dentro de uma sociedade de cristandade. Se não aprendemos a viver de um contato mais imediato e apaixonado com Jesus, a decadência do nosso cristianismo pode converter-se numa doença mortal.

Os cristãos de hoje vivemos preocupados e distraídos por muitas questões. Não pode ser de outra forma. Mas não devemos esquecer o essencial. Todos somos ramos da videira. Só Jesus é a verdadeira videira. O decisivo nestes momentos é permanecer unidos/as a ele: aplicar toda a nossa atenção ao Evangelho; alimentar nos nossos grupos, redes, comunidades e paróquias o contato vivo com Ele; não nos afastarmos do seu projeto.

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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