Prestemos atenção àquilo que ouvimos, e não escondamos a luz! | 608 | 30.01.2025
| Marcos 4,21-25
No trecho do evangelho de
ontem, lemos, meditamos e rezamos o logo texto da parábola do semeador e uma das
interpretações possíveis. Esta interpretação é importante porque é colocada na
boda do próprio Jesus, como resposta à pergunta que brota da incompreensão dos
discípulos. É uma chamada a examinar as disposições com que os discípulos escutam
e acolhem a semente do Reino de Deus.
O texto de hoje, que vem depois
da parábola do semeador, é um alerta a quem pensa que já entendeu o mistério do
Reino de Deus. O próprio Jesus nos adverte: “Prestai atenção no que ouvis!” O
Evangelho de Deus não nos é dado para ser parte de um rito religioso, para ser
guardado meticulosamente por exegeses e interpretações eruditas e cuidadosas, nem
para ser lido em ocasiões especiais ou encontros protocolares. Se fosse assim,
que força teria a Boa Notícia?
O Evangelho, tal como foi
ensinado e vivido por Jesus, deve brilhar como luz que nos ajuda a ver as
pessoas com o olhar de Deus e apreciar os acontecimentos com lucidez e
responsabilidade. É ele que revela a maldade escondida em pacotes
cuidadosamente embrulhados e a mentira solenemente escondida em discursos tão
falaciosos quanto piedosos. É à luz do Evangelho que se revela a relação
intrínseca entre fé e vida, entre salvação e libertação. Afinal, a palavra tem
a força e a credibilidade de quem a pronuncia.
A Palavra de Deus é como semente
e luz: como a semente, pode ser anulada pela inadequação da terra que a recebe;
como luz, pode ser escondida por falta de compreensão ou falta de coragem de
quem a acolhe ou quem a prega. A Boa Notícia do reino de Deus precisa brilhar
de modo inequívoco na vida cotidiana dos discípulos e discípulas, ou a fé que
proclamam com a boca será uma falácia.
O recém-falecido
Papa Bento XVI ensinava que, em Jesus, a Palavra de Deus, pela qual tudo é
criado, se encolhe e abrevia, a ponto de caber na pequenez de uma manjedoura,
sem perder sua força e eloquência. E, na cruz, a Palavra de Deus se faz
silêncio, não porque Deus tenha decidido não falar mais, mas porque, em Jesus
crucificado por amor, Deus disse tudo o que tinha para comunicar à humanidade.
Esta é a generosa medida de Deus!
Meditação:
§ Releia o texto com atenção, relacionando-o
com a parábola da semente, com o anúncio do Reino e as ações de Jesus
§ O que temos feito com a Boa Notícia do
Reino de Deus? “Escondemos” na liturgia? Deixamo-la na superfície da mente?
§ Ou caímos na tentação de apossar-nos
dela, pervertendo-a em lei pesada ou em doutrina abstrata e sem ressonância na
vida?
§ Como podemos compreender o alcance do
sentido da última frase do trecho do evangelho de hoje?
Um comentário:
Deus é a Palavra, Amor e vida. Nos de sabedoria para compreende-la, viver e anuncia-la.
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