A vida cristã é uma espécie de ponte que
nos leva da saudade à esperança, da memória à utopia. Recordamos o nascimento
de Cristo para esperar mais responsavelmente sua vinda. Relembramos o êxodo
para esperar o advento. Celebramos a história para acender a utopia. Com
realismo utópico, cremos que dos tocos secos nascerão brotos, que crianças
brincarão com serpentes, que lobos e cordeiros brincarão juntos na relva. Mais
ainda, cremos na convivência pacífica e fraterna da família de todas as
criaturas: “Não haverá danos nem mortes por todo o meu santo monte: a terra
estará tão repleta do saber do Senhor quanto as águas que cobrem o mar... A
justiça florirá e grande paz, até que a lua perca o brilho...” (Is 11,9; Sl 71).
Eis porque exultamos e cantamos mesmo que ainda seja noite... Nossos olhos, os
discretos e argutos olhos da fé, são capazes de ver aquilo que ainda não
existe, mas está em gestação e virá à luz. Quem avalisa estes sonhos
desvairados é o próprio Jesus de Nazaré, o profeta da periferia: “Felizes os
olhos que veem o que vos vedes!” (Itacir Brassiani msf)
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