é serena a alegria de quem aprendeu a esperar no Senhor!
Chegamos
à terceira semana do Advento. O comércio segue com sua atividade frenética, querendo
nos envolver por todos os lados e nos interpelar de todas as formas. Mas nós
continuamos com o desejo de preparar o Natal
de um modo essencialmente cristão. Sonhamos com um tempo em que a a mesa
dos famintos seja farta e a alegria não seja apenas uma promessa embutida no
consumo desenfreado. Nosso desejo é ajudar a constuir um mundo no qual o maior
presente seja nossa presença inteira, intensa e solidária junto às pessoas que
amamos e àquelas que mais necessitam de nós.
Escrevendo
aos cristãos filipenses, Paulo pede que eles não se deixem inquietar por nada. Isso
porque o Senhor está próximo, tanto em termos de tempo como de espaço, e também
porque, mediante a oração, podemos apresentar a Deus todas as nossas
necessidades com a certeza de que ele as acolhe. Portanto, não nos deixemos
inquietar pelos presentes que ainda não compramos, pela decoração natalina que
ainda não fizemos, pelas provisões de comida e de bebida que ainda não
providenciamos. Nossa vida não depende unicamente disso...
Neste
domingo, João Batista nos chama ao deserto e nos fala em nome de Deus. Não
somos as únicas pessoas que ousamos fazer este caminho de simplificação e de
verdade. Uma pequena multidão rodeia o profeta e escuta sua pregação clara como
um sino. Muitos são publicanos ou soldados a serviço do império. “O que devemos
fazer?”, perguntam-se sinceramente. E a resposta mostra uma direção: “Quem
tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem. E quem tiver comida, faça a mesma
coisa.” O que temos a fazer não é comprar roupas novas, nem de fazer reserva de
comida, mas repartir o que temos com quem tem menos do que nós ou passa
necessidade.
Cobradores
de impostos e soldados romanos, como outros tantos desprezados, estão entre
aqueles que querem aplainar o caminho da própria vida. E a resposta daquela Voz
que clama no deserto à pergunta pelo que devem fazer é clara e certeira: não
cobrar nada além da taxa estabelecida; não maltratar ninguém; não fazer
acusações falsas; contentar-se com o justo pagamento... Estes são apenas alguns
exemplos, convites para que estabeleçamos aquilo que podemos e devemos fazer
para que as mesas vazias se encham de pão e de beleza e a alegria seja
universal, verdadeira e duradoura.
Como a de
João Batista, nossa vocação é de contribuir para que Cristo cresça enquanto nós
mesmos diminuímos. Devemos fazer tudo o que está ao nosso alcance e depois
dizer, convictamente: “Somos apenas servos, nosso trabalho é dispensável.” Isso
não obstante, Paulo pede que a bondade dos cristãos seja notada por todos, que
a bondade inerente ao ser cristão seja visível em nosso modo de celebrar, nas
relações familiares e com a vizinhança, no nosso posicionamento diante das
grandes questões políticas, econômicas e sociais do país e do mundo.
Testemunhar é preciso!
Cremos
que o coração de Deus bate no interior de todos os movimentos de libertação,
pertençam ou não ao cristianismo. É isso que faz ressoar a voz profética de
Sofonias: “Grite de contentamento... Alegre-se, Israel! Fique alegre e exulte
de todo o coração... Você nunca mais verá a desgraça... Não tenha medo, Sião!
Não se acovarde!” O profeta diz que o próprio Deus está alegre e contente com
seu povo. Por causa do seu povo, que está longe de ser perfeito e de viver
tranquilamente, Deus dança de alegria e renova seu amor. E quer que esta mesma
alegria seja experimentada por todo o seu povo.
A palavra
de Paulo vai na mesma direção: “Fiquem sempre alegres no Senhor! Repito: fiquem
alegres!” Certamente a alegria cristã é sóbria e inocente. É uma alegria experimentada
no meio da ingente luta para dar uma nova
fisionomia ao mundo, a partir da certeza de que já somos vitoriosos,
pois vitoriosa é a pessoa que rompe com a passividade. Mas não nos deixemos
algemar pela pressa e pelas facilidades! O Reino de Deus tem seu ritmo e seu
tempo. É como a semente lançada na terra, que germina, cresce e frutifica na
estação propícia. É preciso dar tempo ao tempo.
Deus próximo, pai-mãe amável e causa da
nossa alegria! Te agradecemos pelas palavras de João Batista. Ele nos mostra
por onde passa o caminho que enche de pão e de beleza a mesa dos famintos. Ele
nos ensina que Aquele que vem na humildade da estrebaria é o único Senhor a
quem devemos servir. Ele não é posse de nenhuma Igreja ou religião, e diante
dele todos precisamos pedir licença até para desamarrar suas sandálias. Por sua
humildade, ele é grande em nosso meio. Ajuda-nos a caminhar alegres e serenos
para o Natal que se aproxima, mudando hábitos e abrindo nossas mãos solidárias.
Assim seja! Amém!
Itacir Brassiani msf
(Profeta Sofonias 3,14-18 * Isaías 12,2-6 * Carta
aos Filipenses 4,4-7 * Evangelho de Lucas 3,10-18)
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