Chega ao fim o conturbado ano de 2015. Sim,
agitado e conturbado, aqui no Brasil e alhures, e não apenas pelo atentado que
feriu Paris e o orgulho ocidental. Acabo de receber um diapositivo conclamando
a uma guerra – a terceira guerra mundial, diz ecplicitamente! – contra o
islamismo e em defesa da França e da Europa. Um PPS eivado de ódio, xenofobia, medo
e complexo de superioridade! Sim, estas insanidades circulam nas redes sociais
e há quem nos convoque a estas cruzadas... Que ano, heim! E o próximo, quem nos
assegura que será diferente, melhor? Haja maratona para garantir ao menos alguns
lampejos de lucidez e compaixão neste velho mundo que, contraditoriamente, pede
um ano novo!... A liturgia católica afirma hoje peremptoriamente que Deus
estabeleceu a encarnação do seu Filho como princípio e plenitude de toda a
religião... Sim, é preciso fazer com que as palavras, inclusive religiosas e
teológicas, que frequentemente não conseguem romper os limites das idéias,
desejos e interesses perigosamente egoístas e distantes do mundo dos viventes assumam
a humana carne, entrem na difícil e complexa trama das relações humanas. Que as
palavras e projetos políticos e sociais ousem armar tendas ou barracas na
provisoriedade da existência e da história, evitando a tentação de enclausurarem- se em templos e palácios, mais
sólidos mas também mais pesados e inamovíveis. É na aparente provisoriedade da
compaixão e na fragilidade dos princípios que se fazem carne e concretude que
contemplamos a glória de Deus, cheia de graça e verdade, promessa que ilumina a
inteira e única humanidade. Quando embarcamos na compaixão viva e na
vulnerabilidade da carne, também conhecemos e acolhemos a luz da verdade e
começamos a percorrer, devagar mas firmemente, o caminho da convivência plural
e solidária, única via que abraça a possibilidade de futuro, de um mundo e um
ano verdadeiramente novos!... (Itacir Brassiani
msf)
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