A delicadeza é irmã gêmea da sutileza. Não
daquela sutileza cáustica da crítica e da ironia, mas da sutileza característica
da vida, pois sutis são os fios que tecem a vida, toda vida. Sejam delicadas
nossas palavras hoje! Delicadas e poéticas como as palavras que nos são
oferecidas pelo Cântico dos Cânticos. Deus nos fala como fala à sua amada um
namorado apaixonado que caminhando ao seu encontro, saltando sobre os montes,
espiando por trás das portas... “Levanta-te, minha amada, minha formosa rainha.
O inverno já passou, as chuvas passaram e se foram. No campo aparecem as
flores, chegou o tempo das canções, soltam perfume as vinhas em flor...
Levanta-te, minha amada, e vem!... Mostra-me teu rosto, deixa-me ouvir tua voz!
Pois tua voz é tão doce, e gracioso o teu semblante.” Palavras de um Deus
apaixonado por suas criaturas!... São palavras como essas as que ressoaram no
ouvido de Maria, em Nazaré e nas montanhas da Judéia, vindas da boca do anjo ou
da boca de Isabel. “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu
ventre! Bem-aventurada aquela que acreditou!” Neste dia em que nos despedimos
precocemente do nosso estimado Ir. Nabuco (Aloísio Bruxel), cujos sutis fios da
vida se desfizeram ontem, mantenhamos em nossos lábios palavras de delicadeza,
serenamente conscientes de que a vida é breve e delicada, como a erva e as
flores, como o orvalho da manhã. Setenta ou oitenta anos, pouco importa; que
sejam anos de graça e de ventura, cantados verso a verso, abraçados ao violão
ou ao cavaquinho, como gostava de fazer o Ir. Nabuco. “Vem, Senhor! Vem nos salvar!
Com teu povo, vem caminhar!”(Itacir
Brassiani msf)
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