O que devemos fazer para receber
a visita de Deus? (Lc 3,10-18)
Três
categorias de pessoas vêm perguntar: "O que devemos fazer?": o povo,
os publicanos e os soldados.
A resposta
para o povo é simples: Quem tiver duas túnicas deve repartir com quem não tem.
"Quem tiver comida deve dar a quem não tem!" Resposta clara: a
partilha dos bens é a condição para a pessoa poder receber a visita de Deus e
passar do Antigo para o Novo.
A resposta
para os publicanos e os soldados diz a mesma coisa, mas aplicada à categoria
deles. Os publicanos já não podem cobrar mais do que o permitido. A exploração
do povo pelos publicanos era a chaga da sociedade daquela época.
Os soldados já
não podem fazer extorsão nem fazer denúncias falsas e devem contentar-se com o
salário. Se João voltasse hoje, muito provavelmente não exigiria dos pobres
"contentar-se com o salário", mas diria: "lutar por um salário
justo!"
Lucas 3, 15-18: Ternura em vez de julgamento
Lucas 3, 15-18: Ternura em vez de julgamento
João reconhece
Jesus como o mais forte. A diferença entre ele e Jesus está no dom do Espírito
que será dado através de Jesus. Nestes versículos, Lucas mostra como a ideia
que João faz do Messias não é completa. Para João, o Messias seria como um juiz
severo, pronto para iniciar o julgamento, a colheita (Lc 3,17).
Talvez seja
por isso que, mais tarde, João teve problema em reconhecer Jesus como Messias
(Lc 7,18-28), pois Jesus não se comportava como um juiz severo que condenava.
Ao contrário, chegou a dizer: "Eu não condeno ninguém!" (Jo
8,15;12,47). Em vez de julgamento e condenação, mostrava ternura, acolhia os
pecadores e comia com eles.
ALARGANDO
Desde o século
VI antes de Cristo, a profecia tinha cessado: "Não existem mais
profetas", assim se dizia (Sl 74,9). O povo vivia à espera do profeta
prometido por Moisés. Esta longa espera termina com a chegada de João (Lc
16,16).
João era visto
pelo povo não como um revoltoso do tipo Barrabás nem como um escriba ou
fariseu, mas como o profeta que todos esperavam. Muitos achavam que ele fosse o
Messias. Até na época de Lucas havia pessoas, sobretudo entre os judeus, que
aceitavam João como Messias.
João chega e
anuncia: "Mudem de vida, porque o Reino de Deus chegou!" Ele é preso
por causa da sua coragem de denunciar os erros tanto do povo como dos homens do
governo. Jesus, ouvindo que João foi preso, volta para a Galileia e faz o mesmo
anúncio que João fazia: "Esgotou-se o prazo! O Reino de Deus chegou! Mudem
de vida! Acreditem nesta Boa Nova!"
Jesus continua
a pregação de João e a ultrapassa. Em João termina o AT, em Jesus começa o NT.
Jesus chegou a dizer: Dentre os nascidos de mulher, não há maior do que João,
mas o menor do Reino é maior do que ele" (Lc 7,28).
Carlos
Mesters e Mercedes Lopes
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