PRECISAMOS REZAR!
A tragédia mais grave do homem de hoje talvez
seja a sua crescente incapacidade para a oração. Estamos esquecendo o que é
rezar. As novas gerações abandonam as práticas de piedade e as fórmulas de
oração que alimentaram a fé dos seus pais. Reduzimos o tempo dedicado à oração
e à reflexão interior. Às vezes excluímo-la praticamente da nossa vida.
Mas isto não é o mais grave. Parece que
as pessoas estão perdendo a capacidade de silêncio interior. Já não são capazes
de se encontrar com o fundo do seu ser. Distraídas por mil sensações,
entorpecidas interiormente, acorrentados a um ritmo de vida sufocante, estão
abandonando a atitude orante perante Deus.
Por outro lado, numa sociedade em que
se aceita como critério primeiro e quase único a eficácia, o rendimento ou a
utilidade imediata, a oração fica desvalorizada como algo inútil. Afirma-se
apressadamente que o importante é a vida, como se a oração pertencesse ao mundo
da morte...
No entanto, precisamos orar. Não é
possível viver com vigor, viver a fé cristã como vocação humana subalimentados
interiormente. Mais tarde ou mais cedo, a pessoa experimenta a insatisfação que
produz no coração humano o vazio interior, a trivialidade do quotidiano, o
tédio da vida ou a falta de comunicação com o Mistério.
Necessitamos rezar para encontrar o silêncio,
a serenidade e o descanso que nos permitam manter o ritmo do nosso trabalho
diário. Necessitamos rezar para viver numa atitude lúcida e vigilante no meio
de uma sociedade superficial e desumanizadora.
Necessitamos rezar para enfrentarmos a
nossa própria verdade e sermos capazes de uma autocrítica pessoal sincera. Necessitamos
rezar para libertar-nos pouco a pouco do que nos impede de ser mais humanos.
Necessitamos rezar para viver diante Deus numa atitude mais festiva, agradecida
e criadora.
Felizes os homens e mulheres que também
nos nossos dias são capazes de sentir nas profundezas do seu ser a verdade das
palavras de Jesus: «Quem pede recebe, quem procura encontra, e a quem bate lhe
será aberta a porta».
José
Antonio Pagola
Tradução
de Antonio Manuel Álvarez Perez
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