sexta-feira, 22 de julho de 2022

O Evangelho dominical (Pagola) - 24.07.2022

PRECISAMOS REZAR!

A tragédia mais grave do homem de hoje talvez seja a sua crescente incapacidade para a oração. Estamos esquecendo o que é rezar. As novas gerações abandonam as práticas de piedade e as fórmulas de oração que alimentaram a fé dos seus pais. Reduzimos o tempo dedicado à oração e à reflexão interior. Às vezes excluímo-la praticamente da nossa vida.

Mas isto não é o mais grave. Parece que as pessoas estão perdendo a capacidade de silêncio interior. Já não são capazes de se encontrar com o fundo do seu ser. Distraídas por mil sensações, entorpecidas interiormente, acorrentados a um ritmo de vida sufocante, estão abandonando a atitude orante perante Deus.

Por outro lado, numa sociedade em que se aceita como critério primeiro e quase único a eficácia, o rendimento ou a utilidade imediata, a oração fica desvalorizada como algo inútil. Afirma-se apressadamente que o importante é a vida, como se a oração pertencesse ao mundo da morte...

No entanto, precisamos orar. Não é possível viver com vigor, viver a fé cristã como vocação humana subalimentados interiormente. Mais tarde ou mais cedo, a pessoa experimenta a insatisfação que produz no coração humano o vazio interior, a trivialidade do quotidiano, o tédio da vida ou a falta de comunicação com o Mistério.

Necessitamos rezar para encontrar o silêncio, a serenidade e o descanso que nos permitam manter o ritmo do nosso trabalho diário. Necessitamos rezar para viver numa atitude lúcida e vigilante no meio de uma sociedade superficial e desumanizadora.

Necessitamos rezar para enfrentarmos a nossa própria verdade e sermos capazes de uma autocrítica pessoal sincera. Necessitamos rezar para libertar-nos pouco a pouco do que nos impede de ser mais humanos. Necessitamos rezar para viver diante Deus numa atitude mais festiva, agradecida e criadora.

Felizes os homens e mulheres que também nos nossos dias são capazes de sentir nas profundezas do seu ser a verdade das palavras de Jesus: «Quem pede recebe, quem procura encontra, e a quem bate lhe será aberta a porta».

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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