Somos testemunhas de
um Deus despojado por amor | 730 | 01.06.2025 | Lucas
24,46-53
Ressurreição, ascensão, glorificação e acolhida à direita de
Deus são imagens que procuram dar conta deste complexo dinamismo da
ressurreição e afirmar que Deus se manifesta no amor que assume a carne humana,
serve e dá a vida. É este Filho de Deus esvaziado que está acima de todos os
poderes e forças, de todos os senhores. É disso que somos testemunhas: de um
Deus que mostra sua grandeza fazendo-se pequeno.
A
ascensão de Jesus e o início da missão testemunhal dos discípulos são os dois
eixos em torno do qual gira a breve narração de Lucas. Jesus se refere a si
mesmo pela primeira vez como Cristo, pois, tendo passado pela cruz, não há mais
risco de ser mal-entendido. Ele é o Ungido de Deus, contestado, perseguido e
pregado na cruz dos escravos e criminosos. Este é o Messias de Deus, aquele que
é agora assumido em Deus de modo pleno e inequívoco.
Jerusalém
é o lugar do cumprimento das escrituras, mas a cena final se dá na periferia da
capital, em Betânia, a casa dos pobres e da acolhida amistosa e generosa. É nos
arredores de Betânia que Jesus encerra sua missão, e confia sua continuidade
aos discípulos e discípulas. Eles são enviados como testemunhas, missionários e
promotores do bem a todas as nações, sem nenhuma restrição. Por isso são abençoados.
Essa
missão testemunhal se desenvolve em duas vertentes. A primeira, é o anúncio do
cancelamento dos pecados, e é puro dom de Deus, sem nenhuma condicionante. A
segunda, é a conversão, a assimilação do pensamento e do projeto de Jesus, que
é a resposta humana ao dom recebido, o empenho com todas as forças. Doravante,
Jesus estará presente no mundo na ação dos cristãos, sustentada pelo Espírito
Santo, a grande promessa.
Abençoados e transformados pela “boa palavra”
de Jesus, os discípulos não se apartam de Jerusalém, mas a estabelecem como
ponto de partida e de retorno. Diante da cena da elevação de Jesus, a reação
deles não é a tristeza, a desolação ou o medo. Mas também não esperam milagres
do céu: esperando o Espírito, adoram Jesus e permanecem cheios de alegria.
Sugestões para a meditação
· Escolhido para iluminar a celebração da ascensão de Jesus
aos céus, o texto de hoje coloca os fundamentos da missão que ele confia
· Jesus havia tomado a firme decisão de subir a Jerusalém,
onde, mediante a livre doação de si mesmo, deixou clara a sua identidade
· A grande promessa que ele faz é assegurar que sus discípulos
serão revestidos da mesma força, e serão suas testemunhas
· É por isso que a “elevação” de Jesus não causa tristeza nem
medo aos discípulos: finalmente eles reconhecem e aceitam a cruz