É a humanidade de
Jesus que alimenta nossos sonhos | 707 | 09.05.2025 | João
6,52-59
Neste
penúltimo trecho da catequese que Jesus após a multiplicação dos pães e dos
peixes, a reflexão se concentra sobre a vulnerabilidade da condição humana de
Jesus (sua “carne” e seu “sangue”). No centro da polêmica está a questão do
caminho que assegura a vida plena: este caminho é a Lei ou a pessoa humana
concreta e frágil de Jesus?
O judaísmo chamava
“Lei” ao conjunto de valores e práticas (proibições e mandamentos) que
garantiam que uma pessoa fosse boa, que garantiam a salvação. É o que hoje
chamamos de ideologia: conjunto de fins e meios, valores e práticas que nos
tornam “pessoas de bem”, diferentes e melhores que os outros. Hoje, são leis
como “cada um para si”; “quem pode mais chora menos”; “direitos humanos são
para os humanos direitos...
Os líderes do
judaísmo consideraram inaceitável que Jesus Cristo, em sua concretude e humana
fragilidade pudesse ser o caminho para o bem-viver, para uma pessoa ser
agradável a Deus. Para eles, não existia outro caminho senão o poder, a
separação, a supremacia de uns sobre outros, a distância em relação àqueles
“que não rezam pela nossa cartilha”.
Jesus, por sua parte,
insiste que não há caminho para a vida abundante que não passe pela assimilação
da compaixão que o faz irmão e servidor da humanidade, especialmente das
pessoas excluídas, a ponto de dar a própria vida. Isso fica claro na expressão
“carne e sangue”, que Jesus repete quatro vezes. É na sua paixão e morte que
ele dá seu corpo e sangue e se torna pão para o mundo. Salva-se quem assimila
sua humanidade.
Assim, Jesus de Nazaré, o Enviado do Pai para dar vida ao
mundo, o Filho do Homem que demonstra em sinais a compaixão de Deus assume e
supera o Antigo Testamento, mostra que a Lei caducou. O amor de Jesus,
assimilado por seus discípulos, é o que dá vida ao mundo. Quem come deste
“pão”, viverá eternamente, e saciará a fome e a sede da humanidade.
Sugestões para meditar
§ O que significa a insistência de Jesus,
que fala quatro vezes em “comer” sua carne e “beber” seu sangue?
§ Será que não nos enganamos ainda hoje,
pensando que o que nos salva é o “poder” de Jesus, e não sua compaixão e
humanidade?
§ Em que apostamos “todas as nossas
fichas”, porque cremos que somente isso nos dá vida e salvação?
§ O que significa viver “por causa de
Jesus”, assim como ele viveu “por causa do Pai” que vive e o enviou?
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