A aceitação da
fragilidade é caminho para a eternidade | 706 | 08.05.2025 | João
6,44-51
Nesta
quarta parte da catequese sobre o verdadeiro pão, Jesus enfrenta o escândalo
que suas ações e declarações causam nos judeus. Ele volta a comparar-se com o
maná com o qual Deus alimento o povo hebreu no seu êxodo, mas aproveita a
oportunidade e aborda também a questão do dinamismo da fé, da sua origem divina
e da qualidade das ações que realiza.
Os
“judeus” aos quais se refere o texto de João não são as pessoas que vivem
Israel, mas as que resistem em reconhecer os sinais de Deus e aderir a ele,
onde quer que estejam. No deserto, os “judeus” reclamam do maná, chamando de
“alimento nojento”, e não o reconhecem como sinal do amor de Deus. Agora,
reclamam de Jesus, “filho de José”, que, aos olhos deles, não goza de nobreza necessária
para se apresentar como filho de Deus.
A
busca de Deus e a adesão prática ao seu querer tem um dinamismo: parte de Deus,
que atrai a ele; supõe nossa disponibilidade e a docilidade. Deus nada faz sem
nossa livre adesão, mas pouco ou nada de bom realizamos se ele não nos atrair.
É o que Jesus experimentou como Filho, e nos revelou. Quem se deixa atrair por
Deus precisa reconhecê-lo em sua condição humana, tal como se manifesta na
compaixão humana do “filho de José”.
O
que Deus mais deseja e faz é encontrar formas de vir ao encontro do ser humano
para fazê-lo mais humano. Essa vontade e esse dinamismo se tornam definitivos e
insuperáveis em Jesus Cristo. Mas os incrédulos de todos os tempos querem
dissocia-lo da humanidade de Jesus e afastá-lo da condição humana. Essa falta de
fé atesta que não conhecemos a Deus.
A aceitação da condição humana fragilizada, radicalmente
assumida por Jesus, é o único caminho que pode nos conduzir à vida. Ele, o
filho de José, aquele que acolhe pecadores e proscritos, aquele cuja compaixão
é sempre viva e ativa, é pão que desce, sacia nossa fome de plenitude e plenifica
a vida. Sem o reconhecimento e a aceitação dessa “carne” de Jesus, a vida
continua estreita, limitada, precária, “severina”.
Sugestões para meditar
§ Releia
atentamente essa dura e exigente “catequese” de Jesus, evitando concluir sem
mais que ele fala simplesmente da eucaristia
§ Será
que nós fazemos parte do grupo dos “judeus”, dos incrédulos que não aceitam a
condição e a compaixão humana de Jesus?
§ Este
Jesus, “filho de José”, irmão universal, amor incondicional e rebeldia
profética, é o Deus que nos atrai?
§ Teríamos
suficiente sinceridade para dizer aquilo que, em Jesus, nos escandaliza e
desestabiliza?
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