quarta-feira, 7 de maio de 2025

Jesus, o filho de José

A aceitação da fragilidade é caminho para a eternidade | 706 | 08.05.2025 | João 6,44-51

Nesta quarta parte da catequese sobre o verdadeiro pão, Jesus enfrenta o escândalo que suas ações e declarações causam nos judeus. Ele volta a comparar-se com o maná com o qual Deus alimento o povo hebreu no seu êxodo, mas aproveita a oportunidade e aborda também a questão do dinamismo da fé, da sua origem divina e da qualidade das ações que realiza.

Os “judeus” aos quais se refere o texto de João não são as pessoas que vivem Israel, mas as que resistem em reconhecer os sinais de Deus e aderir a ele, onde quer que estejam. No deserto, os “judeus” reclamam do maná, chamando de “alimento nojento”, e não o reconhecem como sinal do amor de Deus. Agora, reclamam de Jesus, “filho de José”, que, aos olhos deles, não goza de nobreza necessária para se apresentar como filho de Deus.

A busca de Deus e a adesão prática ao seu querer tem um dinamismo: parte de Deus, que atrai a ele; supõe nossa disponibilidade e a docilidade. Deus nada faz sem nossa livre adesão, mas pouco ou nada de bom realizamos se ele não nos atrair. É o que Jesus experimentou como Filho, e nos revelou. Quem se deixa atrair por Deus precisa reconhecê-lo em sua condição humana, tal como se manifesta na compaixão humana do “filho de José”.

O que Deus mais deseja e faz é encontrar formas de vir ao encontro do ser humano para fazê-lo mais humano. Essa vontade e esse dinamismo se tornam definitivos e insuperáveis em Jesus Cristo. Mas os incrédulos de todos os tempos querem dissocia-lo da humanidade de Jesus e afastá-lo da condição humana. Essa falta de fé atesta que não conhecemos a Deus.

A aceitação da condição humana fragilizada, radicalmente assumida por Jesus, é o único caminho que pode nos conduzir à vida. Ele, o filho de José, aquele que acolhe pecadores e proscritos, aquele cuja compaixão é sempre viva e ativa, é pão que desce, sacia nossa fome de plenitude e plenifica a vida. Sem o reconhecimento e a aceitação dessa “carne” de Jesus, a vida continua estreita, limitada, precária, “severina”.

 

Sugestões para meditar

§ Releia atentamente essa dura e exigente “catequese” de Jesus, evitando concluir sem mais que ele fala simplesmente da eucaristia

§ Será que nós fazemos parte do grupo dos “judeus”, dos incrédulos que não aceitam a condição e a compaixão humana de Jesus?

§ Este Jesus, “filho de José”, irmão universal, amor incondicional e rebeldia profética, é o Deus que nos atrai?

§ Teríamos suficiente sinceridade para dizer aquilo que, em Jesus, nos escandaliza e desestabiliza?

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