Há muito tempo Jesus
está conosco, mas nós o conhecemos? | 715 | 17.05.2025 | João
14,7-14
Este
é o Evangelho que ilumina a nossa vida neste sábado. A passagem faz parte da
comovida catequese que Jesus desenvolve logo depois da ceia e do lava-pés, para
orientar e confortar os discípulos, que estavam muito assustados. Filipe, um
discípulo do grupo dos Doze, pede que Jesus lhes mostre o Pai. “Senhor,
mostra-nos o Pai, e isso nos basta”!
Jesus já havia
deixado claro que é nele que temos acesso ao Pai, pois ele é o caminho, a
verdade e a vida. Por isso, responde quase que lamentando a dificuldade de
Filipe e dos demais: “Se me conheceis, conhecereis também o meu Pai. Há tanto
tempo estou convosco e não me conheces? Quem me vê, vê o Pai. Crede, ao menos,
por causa destas obras...”
O problema de Filipe
é o nosso problema. Custa-nos aceitar que o Deus que revestimos de infinitude e
colocamos no altíssimo nos seja dado a conhecer nas ações concretas e no corpo
de Jesus de Nazaré. Não é que queiramos ver mais; queremos ver outras coisas, mais
abstratas e passíveis de manipulação; coisas mais doutrinais e menos
interpeladoras, como o é lavar os pés dos irmãos, alimentar os famintos, dar a
vida sem reservas.
O problema continua e
se torna mais sério na medida em que queremos dar a impressão de que conhecemos
Jesus, e fazemos o possível para impor nossa ideia a quem crê diversamente. A
tentação da qual não nos livramos facilmente é esta: fazer Jesus “vestir o
figurino” que preparamos para ele, obrigá-lo a fazer aquilo que decidimos que
aprendemos que ele deve fazer em nossas faculdades de teologia e gabinetes
doutrinais.
Imagino Jesus dirigindo-se a nós, dizendo
afirmativamente: “Há tanto tempo estou convosco e não me conheces...” Crer nele
é fazer aquilo que ele faz, prosseguir sua ação libertadora, entrar no caminho
da compaixão, armar a tenda dos nossos sonhos e projetos no chão da humanidade
ferida e sedenta de vida. O resto é culto às vaidades que passam, serviço aos
poderes que oprimem, fuga da responsabilidade.
Sugestões para meditar
§ Recomponha na memória os gestos as
palavras desse diálogo de Jesus com os seus discípulos no ambiente da última
ceia
§ Será que também nós partilhamos da
cegueira de Filipe, e não reconhecemos Deus naquilo que Jesus faz e pede?
§ Quais são as ações de Jesus que
expressam de modo mais eloquente e libertador a ação do Pai?
§ Como podemos nós, em nosso tempo,
recriar esta ação de Jesus, inclusive com maior alcance e eficácia?
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