sexta-feira, 16 de maio de 2025

Vocês não me conhecem?

Há muito tempo Jesus está conosco, mas nós o conhecemos? | 715 | 17.05.2025 | João 14,7-14

Este é o Evangelho que ilumina a nossa vida neste sábado. A passagem faz parte da comovida catequese que Jesus desenvolve logo depois da ceia e do lava-pés, para orientar e confortar os discípulos, que estavam muito assustados. Filipe, um discípulo do grupo dos Doze, pede que Jesus lhes mostre o Pai. “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta”!

Jesus já havia deixado claro que é nele que temos acesso ao Pai, pois ele é o caminho, a verdade e a vida. Por isso, responde quase que lamentando a dificuldade de Filipe e dos demais: “Se me conheceis, conhecereis também o meu Pai. Há tanto tempo estou convosco e não me conheces? Quem me vê, vê o Pai. Crede, ao menos, por causa destas obras...”

O problema de Filipe é o nosso problema. Custa-nos aceitar que o Deus que revestimos de infinitude e colocamos no altíssimo nos seja dado a conhecer nas ações concretas e no corpo de Jesus de Nazaré. Não é que queiramos ver mais; queremos ver outras coisas, mais abstratas e passíveis de manipulação; coisas mais doutrinais e menos interpeladoras, como o é lavar os pés dos irmãos, alimentar os famintos, dar a vida sem reservas.

O problema continua e se torna mais sério na medida em que queremos dar a impressão de que conhecemos Jesus, e fazemos o possível para impor nossa ideia a quem crê diversamente. A tentação da qual não nos livramos facilmente é esta: fazer Jesus “vestir o figurino” que preparamos para ele, obrigá-lo a fazer aquilo que decidimos que aprendemos que ele deve fazer em nossas faculdades de teologia e gabinetes doutrinais.

Imagino Jesus dirigindo-se a nós, dizendo afirmativamente: “Há tanto tempo estou convosco e não me conheces...” Crer nele é fazer aquilo que ele faz, prosseguir sua ação libertadora, entrar no caminho da compaixão, armar a tenda dos nossos sonhos e projetos no chão da humanidade ferida e sedenta de vida. O resto é culto às vaidades que passam, serviço aos poderes que oprimem, fuga da responsabilidade.

 

Sugestões para meditar

§ Recomponha na memória os gestos as palavras desse diálogo de Jesus com os seus discípulos no ambiente da última ceia

§ Será que também nós partilhamos da cegueira de Filipe, e não reconhecemos Deus naquilo que Jesus faz e pede?

§ Quais são as ações de Jesus que expressam de modo mais eloquente e libertador a ação do Pai?

§ Como podemos nós, em nosso tempo, recriar esta ação de Jesus, inclusive com maior alcance e eficácia?


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