VOLTAR A JESUS
(Tempo Pascal | Quarto domingo | 11.05.2025)
Podem-se fazer todos os tipos de
estudos e diagnósticos, mas a verdade é que o mundo necessita hoje sangue novo
para viver. As Igrejas procuram encorajamento e esperança. As multidões pobres
do planeta reclamam justiça e pão. O Ocidente já não sabe como sair dessa
tristeza mal disfarçada que nenhum bem-estar pode esconder ou desfazer.
O problema não é apenas de mudanças
políticas ou renovações teológicas, mas de vida. Precisamos de algo semelhante
ao fogo que Jesus acendeu na sua breve passagem pela terra: a sua mística, a
sua lucidez, a sua paixão pelo ser humano. Precisamos de pessoas como ele,
palavras como as suas, esperança e amor como os seus. Precisamos voltar a
Jesus.
Desde o início, os cristãos viram que
ele podia guiar os seres humanos. Na sua linguagem familiar, o Quarto Evangelho
apresenta-o como o pastor capaz de libertar as ovelhas do curral onde estão
trancadas para «as levar para fora», para uma nova terra de vida e dignidade.
Ele marcha à frente marcando o caminho para aqueles que querem segui-lo.
Jesus não impõe nada. Não força
ninguém. Chama cada um pelo seu nome. Para ele não há massas. Cada pessoa tem
nome e rosto próprios. Cada pessoa deve ouvir a sua voz sem a confundir com a
de estranhos, que não passam de «ladrões» que tiram a luz e a esperança ao
povo.
Isto é o decisivo: não ouvir vozes
estranhas, fugir de mensagens que não vêm da Galileia. Sempre que a Igreja
procurou renovar-se, foi desencadeado um regresso a Jesus para voltar a seguir
os seus passos. Como já foi recordado tantas vezes, «segue-me» são as primeiras
e últimas palavras de Jesus a Pedro (D. Bonhoeffer).
Mas voltar a Jesus não é tarefa
exclusiva do papa ou dos bispos. Todos os crentes somos responsáveis. Para
voltar a Jesus não há que esperar por nenhuma ordem. Francisco de Assis não esperou
que a Igreja do seu tempo tomasse não sei que decisões. Ele mesmo se converteu
ao evangelho e começou a aventura de seguir verdadeiramente Jesus. O que
esperamos para despertar entre nós uma nova paixão pelo Evangelho e por Jesus?
José Antônio Pagola
Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez
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