sexta-feira, 9 de maio de 2025

A porta e o pastor


VOLTAR A JESUS

(Tempo Pascal | Quarto domingo | 11.05.2025)

 

Podem-se fazer todos os tipos de estudos e diagnósticos, mas a verdade é que o mundo necessita hoje sangue novo para viver. As Igrejas procuram encorajamento e esperança. As multidões pobres do planeta reclamam justiça e pão. O Ocidente já não sabe como sair dessa tristeza mal disfarçada que nenhum bem-estar pode esconder ou desfazer.

O problema não é apenas de mudanças políticas ou renovações teológicas, mas de vida. Precisamos de algo semelhante ao fogo que Jesus acendeu na sua breve passagem pela terra: a sua mística, a sua lucidez, a sua paixão pelo ser humano. Precisamos de pessoas como ele, palavras como as suas, esperança e amor como os seus. Precisamos voltar a Jesus.

Desde o início, os cristãos viram que ele podia guiar os seres humanos. Na sua linguagem familiar, o Quarto Evangelho apresenta-o como o pastor capaz de libertar as ovelhas do curral onde estão trancadas para «as levar para fora», para uma nova terra de vida e dignidade. Ele marcha à frente marcando o caminho para aqueles que querem segui-lo.

Jesus não impõe nada. Não força ninguém. Chama cada um pelo seu nome. Para ele não há massas. Cada pessoa tem nome e rosto próprios. Cada pessoa deve ouvir a sua voz sem a confundir com a de estranhos, que não passam de «ladrões» que tiram a luz e a esperança ao povo.

Isto é o decisivo: não ouvir vozes estranhas, fugir de mensagens que não vêm da Galileia. Sempre que a Igreja procurou renovar-se, foi desencadeado um regresso a Jesus para voltar a seguir os seus passos. Como já foi recordado tantas vezes, «segue-me» são as primeiras e últimas palavras de Jesus a Pedro (D. Bonhoeffer).

Mas voltar a Jesus não é tarefa exclusiva do papa ou dos bispos. Todos os crentes somos responsáveis. Para voltar a Jesus não há que esperar por nenhuma ordem. Francisco de Assis não esperou que a Igreja do seu tempo tomasse não sei que decisões. Ele mesmo se converteu ao evangelho e começou a aventura de seguir verdadeiramente Jesus. O que esperamos para despertar entre nós uma nova paixão pelo Evangelho e por Jesus?

José Antônio Pagola

Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez

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