A quem seguiremos se
só Jesus tem palavras de vida eterna? | 708 | 10.05.2025 | João
6,60-69
É
comum reduzir a catequese de Jesus sobre o pão da vida a uma inofensiva doutrina
sobre a eucaristia. O desfecho desse diálogo, não deixa dúvidas sobre o caráter
profético, exigente e provocador desse ensino de Jesus, tanto que faz os
discípulos desabafarem: “Estas Palavras são duras demais! Quem poderá continuar
ouvindo isso?” Alguém reagiria assim diante de uma simples catequese sobre a
Eucaristia?
A
reação de Jesus não é adocicar seu anúncio para não perder ouvintes e
seguidores. Frente aos discípulos que acham seu ensino insuportável, que murmuram
escandalizados, que só conseguem esperar de Jesus sucesso e triunfo, que entendem
apenas os sinais de poder, que se rebelam e pensam em desertar, Jesus reage com
mais uma provocação frontal: “Entre vós há alguns que não creem... Vós também
não quereis ir embora?”
Jesus
prefere ficar sozinho a contar com discípulos pela metade, mais firmes em suas
próprias ambições e medos que na proposta de Jesus, centrada no dom solidário
de si mesmo pela vida do mundo. Entre os Doze há quem não seja fiel na adesão e
na amizade com Jesus, é inimigo e causador de divisão, e não consegue se
afastar de um projeto contrário.
Os
Doze, representados por Pedro, intuem que, por mais duras que sejam as
palavras, e por mais exigente que seja o caminho proposto por Jesus, não há vida
que valha a pena longe ou fora dele: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras
de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de
Deus”. Eles conseguem perceber o que é essencial.
Se antes Jesus se dirigia às multidões e aos líderes dos
judeus, agora dirige-se diretamente aos discípulos. Na verdade, toda a sua catequese
é dirigida indiretamente a eles, desde a convocação a ajudar a saciar a fome da
multidão até a provocação a tomar a decisão radical de ficar com ele e aderir a
ele ou deixá-lo de uma vez. Apesar da resposta firme de Pedro, eles tropeçarão,
cairão e recomeçarão. Como nós!
Sugestões para meditar
§ Será que a assimilação profunda e
integral da proposta e do caminho de Jesus também não deveria nos deixar
preocupados?
§ O que pensar de pessoas que dedicam
horas e horas à adoração eucarística, mas mostram total indiferença diante do
próximo?
§ O que nos mantém firmes no caminho de
assimilação da proposta de Jesus e impede que abandonemos seu barco?
§ Qual é a “palavra”, gesto ou
ensinamento de Jesus que, para você, tem mais sabor e dinamismo de vida plena?
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