O discípulo que ama e serve como o Mestre o representa | 713 | 15.05.2025 | João 13,16-20
O texto que lemos
ontem está situado imediatamente antes da ceia e do lava-pés. E o texto que nos
ocupa hoje está na sua sequência. É uma espécie de catequese que retoma os
gestos da ceia e do lava-pés e extrai seu sentido mais profundo, chamando a atenção
para a necessidade de leva-los a sério, de não ficar na exterioridade, como se
não passassem de simples ritos.
Jesus havia perguntado aos discípulos
se eles haviam entendido bem seus gestos, e sua pergunta se fazia necessária, uma
vez que tanto Pedro como Judas Iscariotes não concordavam com aquilo que Jesus
fizera e ensinara. Recorrendo a um provérbio popular (“não queira ensinar a
missa ao padre”), Jesus sublinha que o discípulo não pode fazer diferente do
mestre, dominar em vez de servir, ser indiferente em vez de compassivo.
Para Jesus, é uma arrogância, uma
irresponsabilidade e uma traição um discípulo comportar-se como senhor, como
superior em vez de igual. E, para não deixar dúvidas sobre esta lição, afirma
solenemente: “Se sabeis isto, e o puserdes em prática, sereis felizes”. Não se
trata de repetir o rito da ceia e do lava-pés, mas de praticar o amor que
serve, a compaixão que aproxima e faz irmãos.
Comporta-se como Judas o cristão que ainda
hoje pensa que crer em Jesus é apenas algo formal e nominal; é como se comesse
o pão com Jesus, mas não se
alimentasse do seu corpo (vida). Mas quem coloca em prática a atitude global de
Jesus, expressa de modo simbólico e ritual na ceia e no lava-pés, quem vive o
amor que serve, gera uma nova comunidade humana, realiza-se como pessoa, vive a
felicidade sem limites, alcança a vida eterna.
Discípulo
de Jesus é quem assume sua prática, quem se faz semelhante a ele. Por isso,
quem recebe um discípulo, recebe Jesus. Jesus é o enviado do Pai, e os
discípulos são os enviados de Jesus para viver como ele e ensinar o que ele
ensinou. É assim, vivendo relações que tecem a igualdade, que nos fazem filhos
de Deus. Como fruto disso, quem acolhe um discípulo missionário também se descobre
filho de Deus.
Sugestões para meditar
§ Recomponha na memória os gestos as palavras no ambiente da
última ceia de Jesus com os seus discípulos
§ Em que nós e nossos contemporâneos depositamos a esperança
da felicidade: na atitude de amigo e irmão, ou de superior e chefe?
§ Por que a maioria dos cristãos prefere repetir o rito da
eucaristia e do lava-pés, mas resiste em assumir a atitude que ele propõe?
§ Como testemunhamos aos homens e mulheres de hoje nossa
identificação com Jesus e sua missão?
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