quarta-feira, 14 de maio de 2025

O servo e o Senhor

O discípulo que ama e serve como o Mestre o representa | 713 | 15.05.2025 | João 13,16-20

O texto que lemos ontem está situado imediatamente antes da ceia e do lava-pés. E o texto que nos ocupa hoje está na sua sequência. É uma espécie de catequese que retoma os gestos da ceia e do lava-pés e extrai seu sentido mais profundo, chamando a atenção para a necessidade de leva-los a sério, de não ficar na exterioridade, como se não passassem de simples ritos.

Jesus havia perguntado aos discípulos se eles haviam entendido bem seus gestos, e sua pergunta se fazia necessária, uma vez que tanto Pedro como Judas Iscariotes não concordavam com aquilo que Jesus fizera e ensinara. Recorrendo a um provérbio popular (“não queira ensinar a missa ao padre”), Jesus sublinha que o discípulo não pode fazer diferente do mestre, dominar em vez de servir, ser indiferente em vez de compassivo.

Para Jesus, é uma arrogância, uma irresponsabilidade e uma traição um discípulo comportar-se como senhor, como superior em vez de igual. E, para não deixar dúvidas sobre esta lição, afirma solenemente: “Se sabeis isto, e o puserdes em prática, sereis felizes”. Não se trata de repetir o rito da ceia e do lava-pés, mas de praticar o amor que serve, a compaixão que aproxima e faz irmãos.

Comporta-se como Judas o cristão que ainda hoje pensa que crer em Jesus é apenas algo formal e nominal; é como se comesse o pão com Jesus, mas não se alimentasse do seu corpo (vida). Mas quem coloca em prática a atitude global de Jesus, expressa de modo simbólico e ritual na ceia e no lava-pés, quem vive o amor que serve, gera uma nova comunidade humana, realiza-se como pessoa, vive a felicidade sem limites, alcança a vida eterna.

Discípulo de Jesus é quem assume sua prática, quem se faz semelhante a ele. Por isso, quem recebe um discípulo, recebe Jesus. Jesus é o enviado do Pai, e os discípulos são os enviados de Jesus para viver como ele e ensinar o que ele ensinou. É assim, vivendo relações que tecem a igualdade, que nos fazem filhos de Deus. Como fruto disso, quem acolhe um discípulo missionário também se descobre filho de Deus.

 

Sugestões para meditar

§ Recomponha na memória os gestos as palavras no ambiente da última ceia de Jesus com os seus discípulos

§ Em que nós e nossos contemporâneos depositamos a esperança da felicidade: na atitude de amigo e irmão, ou de superior e chefe?

§ Por que a maioria dos cristãos prefere repetir o rito da eucaristia e do lava-pés, mas resiste em assumir a atitude que ele propõe?

§ Como testemunhamos aos homens e mulheres de hoje nossa identificação com Jesus e sua missão?

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