sábado, 31 de maio de 2025

Ascensão do Senhor

ABENÇOAR

(Tempo Pascal | Ascensão do Senhor | 01.06.2025)

 

De acordo com o sugestivo relato de Lucas, Jesus volta ao Pai abençoando os seus discípulos. É o seu último gesto. Jesus deixa atrás de si a sua bênção. Os discípulos respondem ao gesto de Jesus marchando para o templo cheios de alegria. E estavam ali bendizendo a Deus.

A bênção é uma prática enraizada em quase todas as culturas como o melhor desejo que podemos despertar em relação aos outros. O judaísmo, o islamismo e o cristianismo sempre lhe deram grande importância. E, embora nos nossos dias tenha sido reduzida a um ritual quase em desuso, são muitos os que sublinham o seu profundo conteúdo e a necessidade de a recuperar.

Abençoar é, antes de tudo, desejar o bem às pessoas que vamos encontrar no nosso caminho. Querer o bem incondicionalmente e sem reservas. Querer saúde, bem-estar, alegria, tudo o que possa ajudá-los a viver com dignidade. Quanto mais desejamos o bem para todos, mais possível é a sua manifestação.

Abençoar é aprender a viver com uma atitude básica de amor à vida e às pessoas. Aquele que abençoa esvazia o coração de outras atitudes pouco sãs, como a agressividade, o medo, a hostilidade ou a indiferença. Não é possível abençoar e ao mesmo tempo viver condenando, rejeitando, odiando.

Abençoar é desejar o bem desde o mais fundo do nosso ser, ainda que não sejamos nós a fonte da bênção, mas apenas os seus portadores. Aquele que abençoa não faz mais do que evocar, desejar e pedir a presença bondosa do Criador, fonte de todo o bem. Por isso só se pode abençoar-se numa atitude grata a Deus.

A bênção faz bem a quem a recebe e a quem a pratica. Quem abençoa os outros abençoa-se a si mesmo. A bênção permanece ressoando no seu interior como uma oração silenciosa que vai transformando o seu coração, tornando-o mais bom e nobre. Ninguém pode sentir-se bem enquanto continuar a amaldiçoar o outro nas profundezas do seu ser. Os seguidores de Jesus somos portadores e testemunhas da bênção de Jesus ao mundo.

José Antônio Pagola

Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez

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