Interculturalidade, ecumenismo e diálogo inter-religioso
O
Pe. Joaquim Andrade, Verbita, assessor do quarto dia (quinta-feira, 28 de
julho) da segunda semana da primeira etapa do Curso de Aprofundamento da Ação Missionaria, começou com esta afirmação
programática: O mundo está em movimento, as religiões estão em movimento, a
Igreja está em movimento (?)...
O
missionário, que está sempre se deslocando, vai refazendo sempre seus conceitos
e suas imagens de missão. Isso não é estranho, pois o mundo está em movimento,
as religiões estão em movimento, as Igrejas estão em movimento. Por isso, nos
últimos 15 anos as Congregações missionarias estão sendo obrigadas a rever seus
projetos de missão. Não há mais lugar
para uma teologia estática.
Hoje
o pensamento se mostra muito acelerado, tudo está simultaneamente em movimento
(as relações, as coisas, as pessoas, os povos...) Há tempos sabemos que a terra
não é mais o centro de tudo, mas nem o sol é a referência principal e fixa.
Para o missionário, as pessoas com quem caminha e trabalha são o sujeito, o
centro para o qual tudo converge.
O
foco da missão também mudou. A Igreja deixou de ser o centro, e se entende como
relativa ao Reino. A missão passou da conquista ao diálogo, e passamos do
diálogo inter-religioso às relações inter-religiosas, do diálogo
inter-religioso ao diálogo inter-espiritual. Passamos também das fronteiras
geográficas às fronteiras missionarias, da missão ad gentes à missão inter
gentes, da missão inter gentes ao
dialogo profético.
Existe
na atualidade um forte movimento migratório internacional. Mais de 200 milhões
de pessoas vivem fora dos seus países. Nos Emirados Árabes, mais 70% da população
é migrante; no Kwait, são mais de 60%; em Singapura, passam de 43%. Mas não podemos
esquecer que a migração é coetânea à humanidade: para sobreviver, para dominar,
para implantar a cultura, ou como modo de vida nômade.
Neste
processo de migração as pessoas e grupos levam consigo seus símbolos culturais,
seus hábitos alimentares, seus símbolos e práticas religiosas. Essa bagagem
entra em contato com novas tradições religiosas e com elas se mescla. Surge
assim uma nova tradição cultural e religiosa.
As
grandes tradições religiosas que conhecemos emergem na história entre os
séculos VIII e II antes de Cristo: os filósofos na Grécia, os profetas em
Israel, Zaratustra na Pérsia, Confúcio e Lao-Tsé na China, Buda na Índia. Eram
tempos de uma sociedade culturalmente agraria. Hoje estamos numa sociedade do
conhecimento, na qual as pessoas experimentam uma dupla ou múltipla pertença
religiosa, o sincretismo religioso teórico e prático e se sentem confortáveis
com isso.
É
interessante escutar o que diz a antropologia sobre a origem e o fundamento das
religiões. James Frazer parte da constatação de que natureza regula a vida.
Quando essa regra é perdida ou se desfaz, provoca medo e desordem. As pessoas
respondem a isso com a magia, que é a liturgia embrionária da humanidade. Por
isso, a magia tem sua base na necessidade de controlar a natureza. Malinowski
constata que temos medo da morte e dos mortos, e, por isso, procuramos
sacraliza-la. A morte traz crise para os indivíduos, e então procura-se
preservar o morto para manter os laços afetivos. E. Durkheim afirma que a
religião porta a ideia do Todo, e os fenômenos religiosos se expressam em
crenças e ritos. Por fim, Griffiths parte da experiência humana e pessoal da
solidão induz à oração. A religião ajuda a superar e transcender a solidão
através da partilha de vida e de crenças.
Itacir
Brassiani msf
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