quinta-feira, 28 de julho de 2016

Curso de Missiologia (21)

Interculturalidade, ecumenismo e diálogo inter-religioso

O Pe. Joaquim Andrade, Verbita, assessor do quarto dia (quinta-feira, 28 de julho) da segunda semana da primeira etapa do Curso de Aprofundamento da Ação Missionaria, começou com esta afirmação programática: O mundo está em movimento, as religiões estão em movimento, a Igreja está em movimento (?)...
O missionário, que está sempre se deslocando, vai refazendo sempre seus conceitos e suas imagens de missão. Isso não é estranho, pois o mundo está em movimento, as religiões estão em movimento, as Igrejas estão em movimento. Por isso, nos últimos 15 anos as Congregações missionarias estão sendo obrigadas a rever seus projetos de missão.  Não há mais lugar para uma teologia estática.
Hoje o pensamento se mostra muito acelerado, tudo está simultaneamente em movimento (as relações, as coisas, as pessoas, os povos...) Há tempos sabemos que a terra não é mais o centro de tudo, mas nem o sol é a referência principal e fixa. Para o missionário, as pessoas com quem caminha e trabalha são o sujeito, o centro para o qual tudo converge.
O foco da missão também mudou. A Igreja deixou de ser o centro, e se entende como relativa ao Reino. A missão passou da conquista ao diálogo, e passamos do diálogo inter-religioso às relações inter-religiosas, do diálogo inter-religioso ao diálogo inter-espiritual. Passamos também das fronteiras geográficas às fronteiras missionarias, da missão ad gentes à missão inter gentes, da missão inter gentes ao dialogo profético.
Existe na atualidade um forte movimento migratório internacional. Mais de 200 milhões de pessoas vivem fora dos seus países. Nos Emirados Árabes, mais 70% da população é migrante; no Kwait, são mais de 60%; em Singapura, passam de 43%. Mas não podemos esquecer que a migração é coetânea à humanidade: para sobreviver, para dominar, para implantar a cultura, ou como modo de vida nômade.
Neste processo de migração as pessoas e grupos levam consigo seus símbolos culturais, seus hábitos alimentares, seus símbolos e práticas religiosas. Essa bagagem entra em contato com novas tradições religiosas e com elas se mescla. Surge assim uma nova tradição cultural e religiosa.
As grandes tradições religiosas que conhecemos emergem na história entre os séculos VIII e II antes de Cristo: os filósofos na Grécia, os profetas em Israel, Zaratustra na Pérsia, Confúcio e Lao-Tsé na China, Buda na Índia. Eram tempos de uma sociedade culturalmente agraria. Hoje estamos numa sociedade do conhecimento, na qual as pessoas experimentam uma dupla ou múltipla pertença religiosa, o sincretismo religioso teórico e prático e se sentem confortáveis com isso.
É interessante escutar o que diz a antropologia sobre a origem e o fundamento das religiões. James Frazer parte da constatação de que natureza regula a vida. Quando essa regra é perdida ou se desfaz, provoca medo e desordem. As pessoas respondem a isso com a magia, que é a liturgia embrionária da humanidade. Por isso, a magia tem sua base na necessidade de controlar a natureza. Malinowski constata que temos medo da morte e dos mortos, e, por isso, procuramos sacraliza-la. A morte traz crise para os indivíduos, e então procura-se preservar o morto para manter os laços afetivos. E. Durkheim afirma que a religião porta a ideia do Todo, e os fenômenos religiosos se expressam em crenças e ritos. Por fim, Griffiths parte da experiência humana e pessoal da solidão induz à oração. A religião ajuda a superar e transcender a solidão através da partilha de vida e de crenças.


Itacir Brassiani msf

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