Como
dar um novo rosto à Igreja na América Latina?
O Pe. Codina diz que, para
responder a esta pergunta, precisamos começar com uma breve memoria da primeira
evangelização, evidenciando suas luzes e sombras. E uma primeira luz é uma
série de missionários corajosos e lúcidos, despojados e solidários, alguns
deles martirizados. Entretanto, em geral a evangelização se deu num contexto de
cristandade, unindo a cruz e a espada; numa mentalidade tridentina, marcada
pela luta contra os protestantes. Os indígenas receberam o evangelho e, ao
mesmo tempo, se tornaram súditos da Espanha e Portugal, perderam sua
identidade, seu saber, seus bens materiais.
O projeto da
contrarreforma, que marcou a primeira evangelização da América Latina, opunha
Sacramento e Palavra, priorizava a obediência à liberdade, insistia na
objetividade da salvação em detrimento da subjetividade, enfatizava na piedade
mariana em detrimento de Jesus Cristo. Esta evangelização se fez de cima para
baixo, da metrópole para a colônia. Não podemos culpar os missionários por essa
mentalidade, mas ela levou à destruição das religiões nativas e das culturas
originais e ao extermínio dos próprios povos.
O resultado disso é um
continente muito religioso, mas com pouco sentido de pertença. Um cristianismo
que vive uma certa esquizofrenia entre o que acredita e o que faz, um divórcio
entre fé e vida: ditadores que professam a fé católica e, ao mesmo tempo,
oprimem, torturam e matam em nome da civilização ocidental. Neste contexto,
podemos entender tanto o nascimento da religião popular, que insere a fé na
cultura própria do povo e a libera da oficialidade, como também o êxodo de
católicos para o mundo evangélico, onde fazem a experiência libertadora de
encontrar Jesus.
O Pe. Codina pensa que
no evento de Guadalupe podemos intuir algumas chaves para a
evangelização da América Latina. Esta evangelização é feita: a partir de baixo e dos leigos; de forma inculturada e mistagogica, e com forte acentuação bíblica; marcadamente profética, libertadora, emancipadora; a partir de uma teologia renovada; baseada na comunidade, que integra os fiéis em comunidades; que prioriza os jovens, pobres, indígenas e negros; aberta ao mundo, à modernidade, e é capaz de discernir os sinais dos tempos; que é missionaria, não centrada no templo; que evita repetir a cristandade; encarnada nas culturas e religiões das igrejas locais, não romanizada e abstrata; guiada pelo Espirito, que tudo move e renova.
evangelização da América Latina. Esta evangelização é feita: a partir de baixo e dos leigos; de forma inculturada e mistagogica, e com forte acentuação bíblica; marcadamente profética, libertadora, emancipadora; a partir de uma teologia renovada; baseada na comunidade, que integra os fiéis em comunidades; que prioriza os jovens, pobres, indígenas e negros; aberta ao mundo, à modernidade, e é capaz de discernir os sinais dos tempos; que é missionaria, não centrada no templo; que evita repetir a cristandade; encarnada nas culturas e religiões das igrejas locais, não romanizada e abstrata; guiada pelo Espirito, que tudo move e renova.
Itacir Brassiani msf
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