A evangelização e a missao na
Idade Média
Esta é mais uma partilha das provocações e informações que nos ofereceu o coirmão Pe. Fernando, da Espanha, durante nosso Curso de Aperfeiçoamento da Ação Missionaria, que estamos realizando em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia. Ele nos apresentou esta reflexão no dia de ontem, segunda-feira, no inicio da segunda semana da primeira etapa do curso.
A
queda do Império Romano do Ocidente (século V) inaugura a idade média e novos
povos dão origem a novas nações. Surgem as primeiras heresias, diferentes modos
de interpretar e viver a fé cristã. Neste período nasce uma nova religião – o islã
– ligada ao povo árabe. A perda do Oriente e do Norte da África ao islã desloca
a evangelização para o Ocidente europeu, embora os nestorianos continuam no
Oriente e chegam à China.
No
interior do Império, surgiram estruturas sociais e políticas radicalmente
novas. Aparecem novos povos, que trazem ao Império uma nova vitalidade, mas com
uma cultura muito diferente daquela que era conhecida e, em certos aspectos,
com várias carências. Estes dois dinamismos culturais deverão aprender a
conviver e dialogar.
Como
os povos germânicos eram muito gregários, identificados com seu líder, a
estratégia dos missionários foi converter os chefes e caudilhos e, assim,
converter todo o povo. Temos também
bispos muito preocupados com a evangelização, monges muito preparados e
mulheres dedicadas à transmissão da fé. O apreço pela dimensão milagrosa e fantástica
mobiliza muita gente, de modo que as tumbas dos mártires e as relíquias assumem
um grande importância. Algumas vezes, recorreu-se à força e às armas, a
imposição dos mais fortes. Finalmente, o caminho do comércio e da cultura
tiveram sua importância, assim como os mosteiros, que oferecem os grandes
evangelizadores.
As
razões da conversão em massa ao cristianismo foram diversas. 1) A admiração
pela Igreja por parte de alguns reis e príncipes, muitos dos quais necessitavam
dela para assegurar seu poder. 2) A busca de uma salvação individual, garantida
por um Deus mais poderoso que os deuses convencionais. 3) Uma fé que dava
respostas às inquietações existenciais das pessoas.
Alguns
missionários oferecem uma ajuda fundamental e são referências para esta época:
Patricio, Columbano, Bonifácio, Agostinho de Canterbury, Cirilo e Metódio. No
final do século VII, o cristianismo havia “conquistado” todo o território
europeu. Cirilo e Metódio inauguram um caminho de inculturação da liturgia e da
pregação, inclusive com a criação de alfabeto e língua.
Evangelização em tempos
de cristandade
Cristandade
é a forma de sociedade na qual a fé é o cimento que une o povo e os povos. O
islã adquire força neste período, tanto no Oriente médio como na Europa, e
surgem as cruzadas, como estratégia de missão. As cruzadas refletem uma
mentalidade guerreira e conquistadora, mediante a violência e a guerra santa, com
o objetivo de impor a fé. Mas surge, pouco a pouco, a vontade de evangelizar de
modo pacifico. E esta é a época do surgimento das cidades e das universidades,
e, mais tarde, das ordens mendicantes.
As
ordens mendicantes oferecem uma grande contribuição à missão: dedicação às
cidades nascentes, aos mais pobres; meios pobres e mecanismos democráticos;
proximidade dos leigos; preocupação com a formação intelectual; enfrentamento
das heresias; uso das línguas vernáculas; escolas teológicas e espirituais; a
busca do islã de modo pacifico. Francisco representa este novo paradigma ou caminho
de missão: renunciando à força, usando meios pacíficos, mediante uma pregação direta e
clara, aproximando-se do povo, enfatizando o testemunho de pobreza acompanhado
da caridade, amando inclusive os inimigos.
Nesta
época nasce uma insipiente organização missionaria; inaugura-se o envio de
missionários especializados e bem preparados; definem-se as políticas de
evangelização; enfatiza-se a responsabilidade do Papa, que pede missionários às
Ordens e confia a elas territórios missionários; destaca-se o estudo das
línguas nativas; surge a teologia da missão (Humberto de Romans; Ricoldo de
Montecroce; Raimundo Lulio); fundam-se colégios missionários.
Itacir Brassiani msf
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