A evangelização no período
da modernidade
Esta é a terceira
partilha das informações e provocações que nos ofereceu o Pe. Fernando, coirmão
MSF da Província Espanha, durante nosso Curso
de Aperfeiçoamento da Ação Missionaria, que estamos realizando em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia. Ele nos apresentou esta reflexão no dia de ontem, segunda-feira, no início da segunda semana da
primeira etapa do curso.
No
século XV, a Igreja experimenta um grande despertar missionário, que vai de
mãos dadas com o anseio de expansão política e econômica da Europa, movido por
razoes econômicas, políticas, sociais, culturais e religiosas, patrocinada
especialmente pela Espanha e Portugal. Os novos meios de transportes garantiu
que este anseio se realizasse pelas navegações. Por outro lado, tanto as
monarquias como os povos sentiam necessidade e obrigação de pregar a fé aos
novos povos conquistados. O Papa Alexandre VI confere a procuração missionaria
aos reis. O patronato foi a estrutura ou estratégia fundamental desta etapa da
evangelização.
Em
1622, funda-se a Congregação para a
Evangelização dos Povos. Nesta época, a evangelização parte de algumas
concepções concretas: 1) A Igreja é o único espaço onde se realiza o reino de
Deus; 2) Fora da Igreja não há salvação; 3) Os meios necessários para adquirir
a salvação são os sacramentos; 4) Para isso todos os meios são lícitos; 5) Os
poderes políticos e econômicos devem apoiar; 6) O ideal é que todos os povos sejam
cristas; 7) O cristão equivale ao civilizado, o eclesial se identifica ao
romano.
Os
missionários desta época são, em sua maioria ibéricos, com a ajuda de alemães e
ingleses. Fundam-se seminários para as missões estrangeiras. Os religiosos e
religiosas são os protagonistas. Os territórios missionários eram concedidos em
caráter perpetuo. O missionário precisa enfrentar uma realidade nova, e o faz
de dois modos: considerando a cultura uma tabula rasa; inculturando e adaptando
a fé à cultura. É a época dos grandes catecismos missionários, nas línguas
nativas. A expansão se dá na África, nas Américas. Francisco Xavier, ícone
desta época, representa um novo método missionário: ardor missionário,
universalidade da graça, catequese das crianças, uso da música...
Os
portugueses chegam na Índia ocorre em 1498. Mateus Ricci chega à China em 1582,
com um método evangelizador novo, de adaptação. Em 1616, aprovam cinco
concessões para que a fé seja significativas. Surgem desencontros entre
congregações religiosas, que acabam diminuindo o vigor missionário. Os
missionários precisam percorrer grandes distancias, climas muito diferentes,
línguas desconhecidas, culturas diversas.
Entretanto,
em termos gerais, evangelização e conquista geralmente estão unidas; os cristãos
eram mais de nome que de vivencia; os maus exemplos de muitos conquistadores são
um obstáculo enorme; as estruturas de evangelização estavam comprometidas; a
fraca qualidade humana de muitos evangelizadores; as invejas e competições
entre as congregações...
Nesta
época, as missões entram em crise por diversas causas: 1) A diminuição do poder
das potencias colônias; 2) Uma série de fatores culturais: revolução francesa,
nova visão do mundo, rechaço à religião; 3) Disputas rasteiras e questionáveis entre
as congregações; 4) Desprezo das culturas a serem evangelizadas; 5) Decadência
das antigas ordens e dissolução da Companhia de Jesus; 6) Desencanto e
esgotamento religioso; 7) Nacionalização dos bens da Igreja; etc.
Itacir Brassiani msf
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