terça-feira, 26 de julho de 2016

Curso de Missiologia (14)

A evangelização no período da modernidade

Esta é a terceira partilha das informações e provocações que nos ofereceu o Pe. Fernando, coirmão MSF da Província Espanha, durante nosso Curso de Aperfeiçoamento da Ação Missionaria, que estamos realizando em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia. Ele nos apresentou esta reflexão no dia de ontem, segunda-feira, no início da segunda semana da primeira etapa do curso. 
No século XV, a Igreja experimenta um grande despertar missionário, que vai de mãos dadas com o anseio de expansão política e econômica da Europa, movido por razoes econômicas, políticas, sociais, culturais e religiosas, patrocinada especialmente pela Espanha e Portugal. Os novos meios de transportes garantiu que este anseio se realizasse pelas navegações. Por outro lado, tanto as monarquias como os povos sentiam necessidade e obrigação de pregar a fé aos novos povos conquistados. O Papa Alexandre VI confere a procuração missionaria aos reis. O patronato foi a estrutura ou estratégia fundamental desta etapa da evangelização.

Em 1622, funda-se a Congregação para a Evangelização dos Povos. Nesta época, a evangelização parte de algumas concepções concretas: 1) A Igreja é o único espaço onde se realiza o reino de Deus; 2) Fora da Igreja não há salvação; 3) Os meios necessários para adquirir a salvação são os sacramentos; 4) Para isso todos os meios são lícitos; 5) Os poderes políticos e econômicos devem apoiar; 6) O ideal é que todos os povos sejam cristas; 7) O cristão equivale ao civilizado, o eclesial se identifica ao romano.
Os missionários desta época são, em sua maioria ibéricos, com a ajuda de alemães e ingleses. Fundam-se seminários para as missões estrangeiras. Os religiosos e religiosas são os protagonistas. Os territórios missionários eram concedidos em caráter perpetuo. O missionário precisa enfrentar uma realidade nova, e o faz de dois modos: considerando a cultura uma tabula rasa; inculturando e adaptando a fé à cultura. É a época dos grandes catecismos missionários, nas línguas nativas. A expansão se dá na África, nas Américas. Francisco Xavier, ícone desta época, representa um novo método missionário: ardor missionário, universalidade da graça, catequese das crianças, uso da música...
Os portugueses chegam na Índia ocorre em 1498. Mateus Ricci chega à China em 1582, com um método evangelizador novo, de adaptação. Em 1616, aprovam cinco concessões para que a fé seja significativas. Surgem desencontros entre congregações religiosas, que acabam diminuindo o vigor missionário. Os missionários precisam percorrer grandes distancias, climas muito diferentes, línguas desconhecidas, culturas diversas.
Entretanto, em termos gerais, evangelização e conquista geralmente estão unidas; os cristãos eram mais de nome que de vivencia; os maus exemplos de muitos conquistadores são um obstáculo enorme; as estruturas de evangelização estavam comprometidas; a fraca qualidade humana de muitos evangelizadores; as invejas e competições entre as congregações...

Nesta época, as missões entram em crise por diversas causas: 1) A diminuição do poder das potencias colônias; 2) Uma série de fatores culturais: revolução francesa, nova visão do mundo, rechaço à religião; 3) Disputas rasteiras e questionáveis entre as congregações; 4) Desprezo das culturas a serem evangelizadas; 5) Decadência das antigas ordens e dissolução da Companhia de Jesus; 6) Desencanto e esgotamento religioso; 7) Nacionalização dos bens da Igreja; etc.
Itacir Brassiani msf

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