Partilhamos
aqui o segundo tema desenvolvido pelo Pe. Joaquim. Ele começou lembrando que o diálogo
inter-religioso é necessário porque nenhuma religião consegue abarcar a
grandeza de Deus. A grandeza divina é revelada parte por parte.
Este
dialogo pode ser sobre um tema comum, como a experiência religiosa, para que
cada parte aprenda e amadureça com a outra. Não é debate, mas escuta reciproca,
sem perder a identidade. O dialogo pode ser: filosófico ou histórico, místico
ou religioso, prático e ético. O dialogo se dá entre arvores diferentes, mas o
ecumenismo é uma arvore só, com a mesma raiz, mas com galhos diferentes.
Poderíamos
imaginar uma liturgia universal, que acolha a inspiração e a luz cristã (trindade
e relação); a simplicidade hindu (ver Deus e deixar-se ver por Ele); a ascese
budista (superação do sofrimento); a fidelidade muçulmana (fé e submissão); a filosofia
chinesa (jogo dos dois princípios opostos que se complementam); a ancestralidade
africana (comunhão com os que se foram e os que estão por vir); e a comunhão
vital dos indígenas (sintonia e comunhão com as diversas formas de vida).
Hoje,
vemos aparecer alguns conceitos novos: aculturação, inculturação,
transculturação, multiculturalidade, interculturalidade. O eixo de tudo seria a
socialização: assimilação de hábitos características do seu grupo social, a fim
de chegar a ser membro funcional de uma comunidade. Inculturaçao é o processo que acrescenta à
própria cultura alguns elementos e a perspectiva da cultura do outro. A interculturalidade
é o reconhecimento e a interação com a originalidade do outro sob a orientação
de um mesmo fim.
O
iceberg pode ser uma interessante metáfora para compreender a cultura: é
composta de uma camada pequena, superficial, explicita, fácil de ser mudada
(artefatos, comidas, teorias, dogmas), e uma camada maior, escondida, profunda,
não explicitada, difícil de ser mudada (valores, atitudes, mitos, crenças,
percepções, modos de pensar).
O
desenvolvimento da sensibilidade e da postura intercultural passa por seis
etapas:
Negação:
A cultura de origem é vista como verdadeira e superior, e a cultura dos outros
é considerada menor; ocorre negação e isolamento físico e psicológico; aqui, a
tarefa é reconhecer a existência de diferenças culturais.
Defesa:
A cultura de origem é considerada verdadeira, a outra é diferente e ruim;
experimenta-se o sentimento de ser ameaçado pela cultura do outro, a polarização
entre nós e eles; então, aqui a tarefa é superar a polarização através da
ênfase na humanidade comum, desenvolver a tolerância.
Minimização:
A cultura de origem é percebida como universal e as diferenças não são
consideradas importantes; a tendência é considerar os valores da própria
culturas como absolutos, e a diferença é vista como negativa; emerge aqui a
tarefa de conhecer mais sobre a própria cultura para compreender a
originalidade da cultura dos outros.
Aceitação:
A cultura de origem é vista como uma entre as outras, cada uma com sua
complexidade e seu alcance, e a diferença é aceita tanto no comportamento como
no valor; nesta fase, a tarefa é desenvolver a habilidade de mudar de
perspectiva, a olhar o mundo na perspectiva do outro, percebendo os contrastes
e complementaridades.
Adaptação:
O missionário aprende a reconhecer as pistas e portas que a cultura nova
oferecem, consegue ver o mundo a partir de olhos diferentes e mudar os próprios
comportamentos, a se entender como um entre outros; a tarefa é desenvolver a
capacidade de mudar os parâmetros de referência conforme a situação e o
ambiente.
Integração:
Existem movimentos de dentro para fora e de fora para dentro, interação fecunda
entre culturas, e isso nos leva à descoberta de que somos hospedes globais,
nômades estruturais. Aqui, a tarefa é desenvolver uma identidade multicultural,
a flexibilidade cultural (efeito camaleão).
Itacir
Brassiani msf
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