257 | Ano B | Tempo Comum | 6ª Semana, Terça-feira |
Marcos 8,14-21
13/02/2024
Temos diante de nós o episódio evangélico do duro
diálogo de Jesus com seus discípulos, enquanto faziam a travessia do mar, de
volta à Galileia, sobre o fermento dos fariseus e de Herodes. Como vimos no
último sábado e ontem, isso acontece depois da distribuição de alimentos aos
pobres de origem pagã e à exigência de um milagre espetacular por parte dos
fariseus.
Há vários indícios de que os discípulos continuavam
sem entender e resistindo ao significado interpelador das últimas ações de
Jesus, ou seja: a integração dos pagãos e a justiça social e econômica. Desde o
início da sua missão e do chamado dos primeiros discípulos, Jesus vem
insistindo, sem muito sucesso, nas características essências do discipulado:
compaixão solidária pelas pessoas excluídas; austeridade e desapego dos bens;
confiança na hospitalidade do povo; abertura ecumênica a quem é ou pensa
diferente.
A cena começa com uma constatação: desatentos, os
discípulos não haviam levado alimento para a travessia do lago e tinham apenas
um pão. Jesus, percebendo que seus discípulos continuavam presos à ideia de uma
comunidade pura e fechada, apoiada em meios abundantes e poderosos, introduz
uma questão de valor transcendente: o risco de que seus seguidores se deixem
contaminar pelo fermento dos fariseus e de Herodes. E os questiona duramente:
“Ainda não entendem nem compreendem? Vocês tem olhos e não enxergam, têm
ouvidos e não escutam?”
Com estes questionamentos, Jesus provoca a
tempestade da qual o mar havia poupado a pequena embarcação. Na verdade, os
discípulos resistiam em aceitar que o segredo do Reino de Deus está na
partilha, e não no acúmulo; que os pagãos gozam da mesma dignidade que os
judeus; que o separatismo vivido pelos fariseus não é coisa de Deus; que a
ostentação, o poder e a violência de Herodes revelam sua fraqueza e seu
distanciamento de Deus.
Nem o
pouco alimento, nem a força do vento, nem os alimentos impuros são as ameaças
mais perigosas aos discípulos: o que os ameaça e torna impuros é o fermento do
separatismo e do poder que oprime e mata.
Meditação:
ü Releia o texto, e perceba o duro
questionamento que Jesus faz aos discípulos pela falta de abertura e
entendimento ao seu ensino
ü Será que nós, no Brasil do século XXI e da
ressaca moralista, entendemos realmente a exigente novidade de Jesus?
ü Será que nossos pensamentos, decisões e
iniciativas são realmente fermentadas pelo Reino de Deus? Onde isso se mostra
claramente?
ü O que você acha do bombardeio de algumas
autoridades grupos católicos contra Papa Francisco e a nossa Conferência dos
Bispos?
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