255 | Ano B | Tempo Comum | 5ª Semana, Sábado | Marcos
8,1-10
10/02/2024
O episódio de
hoje é uma provocativa lição de economia política, e está centrada em dois
princípios gêmeos: a compaixão e o companheirismo. A segunda distribuição de
alimento ao povo faminto, conhecida como multiplicação dos pães, além de ser uma
lição de solidariedade econômica, é uma lição de reforço na formação dos
discípulos e discípulas.
Sem querer chocar
ninguém, precisamos reconhecer que o núcleo deste acontecimento não é a
multiplicação milagrosa de pães e peixes, mas a distribuição solidária e justa
de alimentos a quem dele tem necessidade. Isso fica claro quando Jesus,
chamando os discípulos, diz: “Tenho compaixão dessa multidão, porque faz três
dias que está comigo e não tem nada para comer”.
E não se trata de
cidadãos plenos, de gente que pertence ao povo judeu, mas de estrangeiros, ou
pagãos. Para Jesus, aqueles que os judeus consideravam pagãos, malditos, impuros,
cães, são os pobres e muito queridos de Javé. Por isso, este segundo relato de
distribuição de alimentos aos famintos é guiado pelo tema da acolhida e do socorro
aos que “vieram de longe”.
Ao que parece, fazendo
isso Jesus também enfrenta e contesta o jejum ritual pregado e praticado pelos
fariseus, especialmente quando se defronta com o jejum ou a fome real do povo.
Quando a fome é concreta, o jejum, por mais piedoso que seja, deve ser superado
pela prática de atender às necessidades humanas, para que haja pão em todas as
mesas, e para que haja festa.
Os discípulos,
apegados aos seus princípios e costumes, mas também contaminados pela ideologia
do mercado, ficam confusos: não veem no deserto ou da “lei do mercado” nenhuma
possibilidade de encontrar meios e recursos para saciar a fome do povo.
A lição de Jesus
é mais do que clara: a satisfação econômica das massas empobrecidas passa pela
economia do dom, ou da partilha. A vontade do Deus não é o jejum, mas a
abundância de pão para todos/as mediante a partilha e o companheirismo. Deixar
alguém morrer de fome num país com imensas riquezas é um assassinato.
Meditação:
ü Releia o relato, dando atenção à atitude e às
palavras de Jesus diante das necessidades do povo e à reação e à ação dos
discípulos
ü Você consegue perceber qual é o segredo ou o
dinamismo que desabrocha na abundância de alimento para todos?
ü Você acha correto dizer “só Jesus pode dar uma
solução” quando ele começa perguntando “quantos pães vocês têm”?
ü Como esta ação de Jesus, e as lutas atuais
pelo direito à alimentação, se relacionam com a Eucaristia?
Nenhum comentário:
Postar um comentário