251 | Ano B | Tempo Comum | 5ª Semana, Terça-feira |
Marcos 7,1-13
06/02/2024
Vindo de
Jerusalém e representando os interesses do templo, um grupo de doutores da lei
faz cerco a Jesus e questiona seu ensino na prática pouco ortodoxa dos
discípulos. Como sabemos, os escribas, ou doutores da lei, defendem o
cumprimento rigoroso dos preceitos para garantir a identidade, a separação e a
influência do grupo. O núcleo do conflito é doutrinário, e só será solucionado
no trecho de Mc 7,14-23. Aqui, Jesus apenas ataca, desmascara e desqualifica as
práticas defendidas pelos doutores da lei.
Os doutores da
lei criticam os discípulos de Jesus por desrespeitarem as tradições tomando os
alimentos sem lavar as mãos. E a crítica fundamental que Jesus faz a eles
(extensiva aos fariseus) é que, defendendo falsamente a tradição e colocando
toda a atenção nos ritos exteriores de purificação, eles vivem uma piedade e
uma religiosidade apenas exterior e aparente: lavar mãos, copos, pratos e
vasos, e assim por diante.
Jesus vai a fundo
na sua crítica aos doutores da lei e na defesa da nova prática do reino de
Deus. Para ele, os defensores da tradição do templo já foram denunciados pelo
profeta Isaías, que diz que eles fazem de conta que honram a Deus com os
lábios, mas suas práticas e decisões passam bem longe da vontade de Deus. Mais
ainda, eles esvaziam a lei de Deus e a substituem pelas suas próprias
tradições.
E Jesus dá um
exemplo: segundo o ensino dos doutores da lei, os bens que os filhos devem
destinar ao cuidado e sustento dos pais podem ser ofertados ao templo e, assim,
ficarem sob o controle e administração deles mesmos. E assim, a lei e a
tradição, que, segundo a vontade de Deus, devem proteger os fracos, acabam
explorando os mais vulneráveis em nome de Deus. E o ensino de Deus, para salvar
a vida dos fracos, acaba virando preceito interesseiro a serviço de alguns.
Assim, podemos
dizer que “o feitiço virou contra o feiticeiro”: a crítica dos doutores da lei
a Jesus virou crítica de Jesus contra os doutores da lei. Não é Jesus que
desrespeita a Palavra de Deus; aqueles que deviam ensiná-la, na verdade a
esvaziam e manipulam.
Meditação:
ü Leia com atenção e procure compreender a
crítica de Jesus aos escribas, e o exemplo de como eles esvaziam a Palavra de
Deus
ü Você percebe também hoje a tentação de
esvaziar a Palavra de Deus e substitui-la por interesses mesquinhos?
ü Foi realmente superada, na sua família e na
sua comunidade, a tentação de “torcer” o Evangelho e transformá-lo em pedras
que jogamos contra as pessoas que consideramos culpadas?
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