274 | Ano B | 2ª Semana da Quaresma
| Sexta | Lucas 21,33-46
01/03/2024
Voltamos ao enfrentamento entre Jesus e a elite
religiosa, no templo. O trecho de hoje explicita a tensão inconciliável entre
esta elite e a pessoa e o ensino de Jesus. Também neste caso, a parábola é
clara, e dispensa uma nova narração. No final, com sua habilidade, Jesus leva seus
adversários a pronunciar a própria autocondenação.
Com esta parábola, Jesus sublinha as consequências
fatais da indiferença ou da rejeição do Reino de Deus e de sua pessoa e missão,
visceralmente ligadas ao Reino. A identidade e a missão de Jesus estão na linha
dos grandes profetas enviados por Deus para defender seus direitos
estabelecidos na aliança, que são os direitos dos mais pobres e vulneráveis
diante dos prepotentes. Com isso, acabam atraindo sobre si a ira e a violência.
Os chefes dos sacerdotes e outras lideranças
políticas e religiosas de Israel agem como se fossem senhores da vida e da
morte do povo, e como se fossem os únicos mediadores e intérpretes autorizados da
vontade de Deus. Eles receberam uma responsabilidade ou uma missão, mas agem em
causa própria, torcem a vontade de Deus, legitimam as violências perpetradas
contra os pobres e indefesos, e eliminam quem ousa criticá-los.
Jesus denuncia e deslegitima os “vinhateiros” e
“doutores” que se apossaram da vinha e se assentaram na cátedra de Moisés. Rejeitando
Jesus e interpondo dificuldades à vida dos pobres, eles descartam o próprio
Deus e sacralizam o que lhes assegura vantagens. E a advertência de Jesus é
clara: Deus não se deixa enganar por uma adesão simplesmente externa, e, menos
ainda, por uma pretensa “supremacia” étnica.
São os próprios líderes
criticados que se qualificam como “canalhas” e “perversos”, e afirmam não serem
dignos de confiança. Jesus insiste numa fé que produza frutos de misericórdia e
justiça. A fé não consiste na estética
(gestos e palavras bonitas e corretas) e não é étnica (pertencer a um povo específico ou a uma “raça superior”),
mas essencialmente ética: produzir
frutos de diálogo, de misericórdia e de acolhida.
Meditação:
§ Leia
atentamente essa parábola, com atenção aos vários enviados pelo dono e às ações
típicas e perversas dos vinhateiros
§ Observe o
julgamento que os próprios líderes religiosos fazem sobre os vinhateiros, sem
darem-se conta de que se autocondenam
§ Qual é a
sentença de Jesus sobre eles? Que sentido tem o que Jesus diz? Que sentença
você daria a eles?
§ Qual é a
base que sustenta e legitima sua fé em Jesus? Uma pertença apenas exterior e
por tradição? Que frutos você produz?
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