sábado, 10 de fevereiro de 2024

O Evangelho dominical (Pagola) - 11.02.2024

CONTRA A EXCLUSÃO

Na sociedade judaica, o leproso não era apenas um doente. Era, acima de tudo, uma pessoa impura, um ser estigmatizado, sem lugar na sociedade, sem acolhimento em lugar nenhum, excluído da vida.

O antigo livro do Levítico dizia-o em termos claros: «O leproso levará as roupas rasgadas e a cabeça desgrenhada... Avisará aos gritos: ‘Impuro, impuro’. Enquanto durar a lepra será impuro. Viverá isolado e fora da cidade» (13,45-46). A atitude correta, sancionada pelas Escrituras, é clara: a sociedade deve excluir os leprosos. É o melhor para todos. Uma atitude de exclusão e rejeição. Sempre haverá pessoas a mais na sociedade.

Jesus rebela-se contra esta situação. Certa ocasião, aproxima-se um leproso avisando certamente a todos da sua impureza. Jesus está sozinho. Talvez os discípulos tenham fugido horrorizados. O leproso não pede para «ser curado», mas sim «ser limpo». O que procura é libertar-se da impureza e da rejeição social. Jesus fica comovido, estende a mão, «toca» no leproso e diz-lhe: «Quero. Fica limpo».

Jesus não aceita uma sociedade que exclui os leprosos e impuros. Não admite a rejeição social dos indesejáveis. Jesus toca o leproso para libertá-lo de medos, preconceitos e tabus. Limpa-o para dizer a todos que Deus não exclui nem castiga ninguém com a marginalização. É a sociedade que, pensando apenas na sua segurança, levanta barreiras e exclui do seu seio os indignos.

Há alguns anos todos pudemos ouvir a promessa que o responsável máximo do Estado fazia aos cidadãos: «Varreremos a rua dos pequenos delinquentes». Aparentemente, dentro de uma sociedade limpa, composta por pessoas de bem, existe um «lixo» que é necessário retirar para que não nos contamine. Um lixo, por certo, não reciclável, pois a prisão atual não está pensada para reabilitar ninguém, mas para castigar os «maus» e defender os «bons».

Que fácil é pensar na segurança do cidadão e esquecer o sofrimento dos pequenos delinquentes, toxicodependentes, prostitutas, vagabundos e desenraizados. Muitos deles não conheceram o calor de um lar ou a segurança de um emprego. Presos para sempre, nem sabem nem conseguem sair do seu triste destino. E nós, cidadãos exemplares, só nos ocorre varrê-los das nossas ruas. Aparentemente, tudo é muito correto e muito cristão. E também muito contrário a Deus.

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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