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Ano B | 1ª Semana da Quaresma | Sexta | Mateus 5,20-26
23/02/2024
Depois de propor
o caminho da felicidade plena e duradoura, Jesus sublinha que ele requer a
vivência de uma justiça maior que aquela demonstrada pelos escribas e fariseus.
E dá uma série de exemplos, dos quais o texto de hoje nos apresenta o primeiro.
Jesus parte das Escrituras Sagradas, mas não se detém na lei fria. Para ele, a
Escritura tem por fim assegurar a proteção social dos vulneráveis e a comunhão
e a harmonia no interior da comunidade.
Nesta
perspectiva, Jesus reinterpreta o 5º mandamento da lei de Moisés, ciente de que
o homicídio começa bem antes do ato concreto que o realiza, e tem suas raízes
na falta de respeito à dignidade de quem é diferente de nós, configurada na raiva
e no insulto. Não matar não é o teto da justiça, mas seu mínimo, ou seu ponto
de partida. A fraternidade sem fronteiras e a reconciliação sempre renovada são
exigências incontornáveis do Evangelho do Reino, e os/as discípulos/as não
podem ignorar isso.
A justiça maior
que aquela ostentada pelos fariseus se expressa na vivência da fraternidade e
da reconciliação, ou seja: permitindo e agindo para que o diferente viva
dignamente. Isso é tão importante e decisivo que Jesus ensina que a nossa
comunhão com Deus depende da reconciliação com as pessoas e grupos que divergem
de nós e até nos perseguem. A atitude de pacificação e reconciliação é mais
importante que a doutrina ortodoxa e o culto divino!
É claro que Jesus
não recomenda fazer um momento de parada durante a celebração ou durante a
apresentação das oferendas. Ele usa esta imagem forte para reforçar a absoluta
importância de cultivar, manter e reatar os vínculos que, tanto do ponto de
vista humano como religioso, nos une ao próximo. E não se trata apenas de
constatar que ofendemos alguém e isso nos pesa na consciência, mas de verificar
se nós mesmos agimos mal e provocamos dano e ressentimento nos outros.
O nosso próximo,
sendo diferente, e até mesmo divergente de nós, é um dom, um presente.
Relacionar-se fraternalmente com ele não pode jamais ser um peso, mas sempre
uma grande alegria.
Meditação:
ü Que impacto tem sobre você este ensino de Jesus: não é
suficiente não matar, é preciso evitar a raiva e o insulto?
ü Quais são as consequências do conselho de interromper o culto e
as ofertas para primeiro se reconciliar com quem prejudicamos?
ü Como você, sua família e sua comunidade podem exercitar este
ensinamento de Jesus?
ü Com quem você precisa se reconciliar hoje? Quem são as pessoas
que poderiam ter uma queixa contra você?
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