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Ano B | Quarta-feira de Cinzas | Mateus 6,1-6.16-18
14/02/2024
É desconfortável
constatar que a fraternidade precisa de uma campanha especial. Mas esta
iniciativa da Igreja do Brasil tem ajudado as comunidades cristãs a viver o
espírito quaresmal numa perspectiva comunitária e social. Neste ano, somos
interpelados mais uma vez a abrir os olhos para urgência de uma fraternidade
que vá além das fronteiras religiosas, nacionais, políticas, culturais e
étnicas. Uma fraternidade social, ou uma amizade social.
O profeta Joel
grita: “Voltai para mim com todo o vosso coração! Rasgai o coração e não as
vestes! Voltai para o Senhor, vosso Deus! Ele é benigno e compassivo, paciente
e cheio de misericórdia!” E Jesus, recomenda: “Ficai atentos para não praticar
a vossa justiça diante dos homens, só para serdes vistos por eles! Não façais
como os hipócritas...” Até a oração, a esmola e o jejum, podem ser corrompida
pelo desejo de causar boa impressão.
Jesus começa sua
exortação catequética com uma advertência contundente: “Ficai atentos para não
praticar a vossa justiça na frente das pessoas, só para serdes vistos por
elas!” Jesus não é ingênuo, e percebe que esta busca de evidência e relevância
pode contaminar até aquilo que parece mais piedoso e religioso, como a partilha
mediante a esmola, a oração e o jejum.
Jesus propõe um
princípio geral e efetivo para evitar esse risco: evitar a busca do aplauso e
da publicidade, deslocando o foco de nós mesmos e nossas instituições para Deus
e o Outro. É isso que nos justifica! O resto é teatro e espetáculo para
impressionar as pessoas incautas. O que vale todas as penas é a aprovação de
Deus, que vê o que é discreto e secreto, aquilo que ninguém vê, aqueles/as que
ninguém quer ver, reconhecer e valorizar.
Quando Jesus fala
de “hipócritas”, está se referindo aos fariseus, pois se consideram melhores,
puros e superiores a todos os outros. Sob a aparência de piedade e de
fidelidade à lei de Deus, eles escondem, cultivam e praticam a exterioridade, a
arrogância, a violência. Mas, falando assim, Jesus não se cansa de prevenir
seus discípulos/as contra esta permanente tentação que nos ronda como pessoas
que se consideram melhores e mais piedosas.
Meditação:
ü O
Brasil vive uma situação sombria de intolerância e polarização, de
enfrentamentos desleais e difamantes entre diversos grupos
ü Como
viver a fé de forma dialogante, testemunhal e respeitosa neste contexto tão
minado?
ü Como
viver o sentido cristão do jejum e da esmola numa sociedade regida pelo mercado
e em meio a tanta gente que passa fome?
ü Que
destino você, sua família e sua comunidade podem dar aos alimentos não
consumidos no dia de jejum e abstinência?
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