terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

O Evangelho em nossa vida (252)

252 | Ano B | Tempo Comum | 5ª Semana, Quarta | Marcos 7,14-23

07/02/2024

Ontem refletimos sobre a primeira parte do confronto dos doutores da lei com Jesus em torno da questão da pureza. Eles acham que Jesus ensina a relativizar a lei de Deus, e os seus discípulos se comportam dessa maneira. Mas não é Jesus que desrespeita a Palavra de Deus, e sim os próprios escribas, que a deviam ensiná-la e, na verdade, a esvaziam e manipulam.

Mesmo que não pareça à primeira vista, a questão da pureza é crucial na mensagem e na prática de Jesus. Os rituais e preceitos de pureza tinham o objetivo de manter a unidade fechada do judaísmo às custas da exclusão ou menosprezo de todos os demais povos, culturas e religiões. A equação era simples: puro = judeu; impuro = pagão. Portanto, por trás da discussão sobre a pureza e a purificação está a questão da admissão dos excluídos como membros do povo de Deus.

A questão é tão central que Jesus insiste, e voltará a isso com frequência: “Ouçam-me todos, e entendam!” “Então, nem vocês (os discípulos) entendem?” Para as multidões, Jesus esclarece a questão recorrendo a uma breve metáfora: assim como nenhum alimento ingerido pode tornar uma pessoa impura, nenhuma relação com pessoas pagãs pode desqualificar ou tornar impuro quem quer que seja.

Interrogado pelos discípulos, Jesus explica a metáfora. Declarando puros todos os alimentos, ele considera insustentável a separação entre judeus e pagãos. O que nos torna maus ou inaceitáveis aos olhos de Deus não é o encontro, a acolhida e o diálogo com as pessoas diferentes, de outras religiões ou de grupos, mas as atitudes, práticas e pretensões de superioridade, de intolerância, de distanciamento.

Jesus destrói a ideologia da pureza e solapa em suas bases a ideologia da separação e da supremacia dos judeus sobre os pagãos. Ele declara que todos os alimentos são puros, afirma que todas as pessoas possuem sua dignidade, e resgata a dignidade dos excluídos, como quando “purifica” os leprosos. Jesus mostra que o sistema de pureza, que diz proteger o povo, na verdade oprime os mais vulneráveis. E hoje, o mito da meritocracia e a ideologia do empreendedorismo continuam classificando e descartando pessoas.

                                                                           

Meditação:

ü  Tome consciência de que Jesus não está a falar de pureza ou impureza de alimentos, mas da inclusão ou exclusão de pessoas

ü  Quais são os argumentos mais usados hoje para defender a superioridade de alguns povos (religiões, classes) sobre outros?

ü  Por que ainda tememos tanto a relação, a cooperação e o diálogo com os pobres e marginalizados, com as demais Igrejas e outras religiões?

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