270 | Ano B | 2ª Semana da Quaresma | Segunda | Lucas 6,36-38
26/02/2024
No evangelho de ontem, a voz que ressoou a partir de dentro da nuvem que envolveu os discípulos amedrontados, dizia: “Este é meu filho amado; escutem o que ele diz!” E hoje ele nos manda (cf. Lc 6,36): “Sejam misericordiosos, como também o Pai de vocês é misericordioso”. Ou então, ser e viver como ele mesmo viveu, um amor solidário e sem fronteiras.
O Papa Francisco diz que a misericórdia é a palavra-chave que a Bíblia usa para falar do agir de Deus. E os sinais que Jesus realiza, sobretudo para com os pecadores, as pessoas pobres, marginalizadas, doentes e atribuladas, estão marcadas pela misericórdia e dela são expressão. Em Jesus, tudo fala de misericórdia, e nele não há nada que seja desprovido de compaixão.
Recordemos, a título de exemplo, o episódio relatado em João 8,1-11. Jesus estava na praça do templo, e o clima era de tensão com as autoridades. Um grupo de doutores da lei e de fariseus chegou trazendo uma mulher, acusando-a de adultério e pedindo que Jesus tome uma posição. Entre a lei de Moisés e a dignidade daquela pobre mulher, Jesus faz uma escolha surpreendente: chama os acusadores a reverem sua própria conduta, e trata a mulher com misericórdia. Ele quer misericórdia, e não legalismo frio!
E, para o/a discípulo/a de Jesus, a misericórdia não é apenas um princípio entre vários outros, mas o dinamismo fundamental, aquele que dá concretude e sentido a todas as leis e proibições. Nas palavras de Francisco, a misericórdia é a arquitrave (viga-mestra) que sustenta a vida e a atividade da Igreja. “A credibilidade da Igreja passa pela estrada do amor misericordioso e compassivo”.
O que Jesus ensina nos demais versículos são exemplos concretos: não julgar nem condenar ninguém, perdoar e ajudar todos/as. Essa ordem não se refere apenas ao campo das relações interpessoais, mas também na dimensão social: acolher, e não julgar e criminalizar as pessoas e grupos diferentes; afirmar a igual dignidade de homens e mulheres, brancos e negros, cristãos e ateus...
Meditação:
§ Leia atentamente, palavra por palavra, o mandamento de Jesus e os exemplos mais concretos que ele oferece
§ O que é que nos move naquilo que fazemos pelos outros como cristãos e como Igreja?
§ Que medida nós usamos nas ações solidárias com os mais vulneráveis, e como avaliamos e julgamos as pessoas?
§ Como seria a nossa Igreja todas as suas decisões e ações passasse pela estrada do amor misericordioso e compassivo?
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