273 | Ano B | 2ª Semana da Quaresma | Quinta | Lucas 16,19-31
29/02/2024
No capítulo 15 do evangelho, Lucas nos apresenta o elogio de Jesus a uma mulher que “desperdiça” tempo procurando uma moeda, um pastor que “esbanja” cuidado com uma ovelha e deixa as outras noventa e nove de lado, e um pai que “gasta” seus bens para festejar o retorno do filho que o renegara. O próprio Jesus é uma espécie de “filho pródigo” que abre a festa do Reino a todos/as.
No início do capítulo 16, no qual se encontra a parábola de hoje, Jesus elogia um administrador que usa o dinheiro do seu patrão para criar vínculos de amizade e fraternidade, e, ao mesmo tempo, critica os fariseus, porque preferiam ser “amigos do dinheiro”. A parábola do rico e do pobre Lázaro está neste contexto de busca e acolhida solidária dos marginalizados e do uso correto dos bens materiais.
A parábola é bem conhecida, o que torna desnecessário descrevê-la. Ela apresenta dois personagens que não estabelecem nenhuma relação um com o outro: estão próximos, Lázaro está à porta do rico, mas não têm nada em comum. Na verdade, a indiferença do rico cavou um abismo – ou levantou um muro – que os separa, apesar da proximidade física. Apenas a experiência da morte os atinge por igual.
O foco da parábola é a urgência da conversão, e a atenção ao presente. A polêmica não se dirige apenas contra os ricos, mas ressoa como alerta àqueles que o seguem. Chama a atenção para o lugar que a posse e o uso bens ocupa no Reino de Deus. Não é sabedoria desfrutar dos bens de forma egoísta. Não é prudente esperar um milagre para dar uma reviravolta na vida. Não é cristão viver de qualquer jeito, “de olho” na vida eterna.
E não há como ignorar o papel que a Palavra de Deus ocupa na orientação da nossa vida e do processo de conversão. Quando muitos deliram com milagres ostentados como espetáculo ao vivo e a cores, ou “esperam desesperadamente” um grande sinal, Jesus diz que nos basta a Escritura. Mas não há milagre capaz de mudar a vida de quem não se abre à Palavra de Deus, não exercita o diálogo e se recusa a acolher o/a outro/a como irmã/o.
Meditação:
§ Leia atentamente as duas cenas dessa parábola, percebendo as características de cada um dos dois personagens
§ Evite resvalar para a tentação de interpretar essa parábola como uma ilustração de como será a vida depois da morte
§ Como você se comporta em relação aos pobres e necessitados, especialmente aos que se organizam e lutam por seus direitos?
§ Por que os cristãos de hoje, mesmo tendo as escrituras e o testemunho de Jesus, não levamos a sério a solidariedade?
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