sábado, 10 de fevereiro de 2024

O Evangelho em nossa vida (256)

256 | Ano B | Tempo Comum | 6ª Semana, Domingo | Marcos 1,40-45

11/02/2024

A cena do evangelho de hoje – a purificação de um leproso – não situa o acontecimento: o leproso não tem nome, e Marcos não diz o lugar onde o encontro com Jesus com ele aconteceu. Por isso, podemos acolher o texto como símbolo do que acontece em todos os tempos e lugares quando uma pessoa excluída se encontra com Jesus.

Já sabemos o que a lepra significava no tempo de Jesus: era uma espécie de morte social, pois a pessoa leprosa vivia excluída de toda convivência familiar e social, como um cadáver insepulto. Mas com Jesus a humanidade inicia uma etapa realmente nova. É como se Jesus lançasse uma ofensiva não-violenta contra o multifacetado sistema de opressão, introduzindo uma prática social alternativa, baseada na inclusão dos não cidadãos.

Desobedecendo a lei que o obrigava a se distanciar de qualquer pessoa, o leproso se aproxima de Jesus e diz que está nas mãos dele a decisão de purifica-lo. Ele não pede cura (da doença) mas purificação (da impureza). Jesus também descumpre a lei e, afirmando que quer ver o homem reinserido na convivência social, e toca nele, transgredindo a lei. A ira de Jesus expressa sua revolta contra o sistema de pureza, que discrimina e condena.

Advertindo com severidade o homem purificado para que não faça alarde, Jesus também confia a ele uma missão: apresentar-se aos sacerdotes no templo, testemunhando tanto a nova vida a reinserção social que recebeu de graça como a dureza implacável e a radical incapacidade do templo e seus acólitos para enfrentar o sistema de exclusão. Além de tratar os leprosos como não-gente, o templo cobra deles uma taxa quando ficam curados.

A cena que estamos meditando termina com o homem que fora leproso e vivera excluído atuando como o primeiro apóstolo (“o homem foi embora e começou a pregar muito e espalhar a boa notícia”) e Jesus como um fugitivo perseguido (“Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade”). Com este ataque verbal e simbólico ao sistema de pureza, Jesus atrai sobre si mesmo a impureza que era atribuída aos doentes e ao povo pobre em geral.

                                                                           

Meditação:

ü  Releia o texto, acompanhando a cena com o pensamento e com os sentidos, participando dela e interagindo com os personagens

ü  Estimulado pela atitude e pelo gesto de Jesus, identifique as pessoas e grupos que sofrem a discriminação e até a exclusão

ü  Como a cena não é localizada e o leproso não tem nome, você é convidado/a a colocar-se no lugar dele, acolhendo o dom de Jesus

ü  Sinta-se purificado/a e também enviado/a para desmascarar os sistemas que discriminam e excluem as pessoas mais vulneráveis

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