sábado, 20 de julho de 2024

A missão dos discípulos e Jesus não podem ser guiadas pela agenda

A vida e a missão dos discípulos e Jesus não podem ser guiadas pela agenda | 417 | 21.07.24 | Marcos 6,30-34

No episódio do envio dos apóstolos ao “estágio missionário” (cf. Mc 6,7-13), a ênfase recaía sobre as instruções de Jesus para a missão. Na crônica sobre a trama e morte de João Batista (cf. Mc 6,14-29), o evangelista sublinhava o recorrente confronto entre reis arrogantes e enfraquecidos e os profetas que não calam a verdade. Segundo o Evangelho, este é o caminho e o destino de Jesus, e os discípulos missionários que ele envia também devem preparar-se para isso.

No episódio de hoje, Marcos descreve o que acontece quando os discípulos voltam do breve “estágio missionário”. Eles são enviados como missionários itinerantes, dedicados integralmente ao anúncio e realização do Reino de Deus, sem contar com o apoio de meios potentes, absolutamente dependentes da hospitalidade alheia. Voltando, eles se reúnem diante de Jesus e compartilham o que haviam feito e ensinado, e o fazem com indescritível alegria.

Atento ao cansaço e aos limites do apostolado deles, Jesus os convida a um retiro de descanso e de aprofundamento do seu ensino. Este descanso/retiro se faz necessário, pois é muita gente chegando para pedir socorro a ponto de limitar até as condições para se alimentar adequadamente. Mas a proposta de descanso sugerida por Jesus se torna uma lição inesquecível de dedicação incansável ao Reino de Deus, concretizada na compaixão pelo povo necessitado.

De fato, enquanto os discípulos que apenas estreavam como apóstolos ainda tinham dificuldades de reconhecer a identidade de Jesus, as multidões cansadas e abatidas, abandonadas pelos seus líderes e pastores políticos e religiosos, intuem quem é Jesus, depositam nele suas derradeiras esperanças e chegam antes deles no “retiro”. É isso que relatam os versículos subsequentes.

A dedicação incansável de Jesus ao povo, ao lado da sua ação curadora e emancipadora, é a lição que faltava aos apóstolos. A missão não é uma etapa, um momento, uma entre outras atividades que nos ocupam. A divina e humana compaixão não conhece agenda. E as pessoas descartadas pelos “pastores” de plantão são a prioridade dos discípulos missionários. Mesmo quando se retiram para a oração e a formação, o povo está presente e os carca por todos os lados.

 

Meditação:

·    Releia o texto com atenção, acompanhando o retorno dos apóstolos, o convite ao descanso, a multidão que os rodeia

·    A formação, a oração, as celebrações e outras demandas da vida cristã não podem ser obstáculos ao “ministério da compaixão”

·    A verdadeira evangelização (anúncio da Boa Notícia de Deus) se concretiza e culmina na compaixão demonstrada nas ações

·    Em que medida é a humana e divina compaixão de Jesus que dinamiza nossa formação, nossa oração e nossa missão?

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