A vida e a missão dos discípulos e
Jesus não podem ser guiadas pela agenda | 417 | 21.07.24 | Marcos 6,30-34
No
episódio do envio dos apóstolos ao “estágio missionário” (cf. Mc 6,7-13), a
ênfase recaía sobre as instruções de Jesus para a missão. Na crônica sobre a
trama e morte de João Batista (cf. Mc 6,14-29), o evangelista sublinhava o
recorrente confronto entre reis arrogantes e enfraquecidos e os profetas que
não calam a verdade. Segundo o Evangelho, este é o caminho e o destino de Jesus,
e os discípulos missionários que ele envia também devem preparar-se para isso.
No episódio de hoje,
Marcos descreve o que acontece quando os discípulos voltam do breve “estágio
missionário”. Eles são enviados como missionários itinerantes, dedicados
integralmente ao anúncio e realização do Reino de Deus, sem contar com o apoio
de meios potentes, absolutamente dependentes da hospitalidade alheia. Voltando,
eles se reúnem diante de Jesus e compartilham o que haviam feito e ensinado, e
o fazem com indescritível alegria.
Atento ao cansaço e
aos limites do apostolado deles, Jesus os convida a um retiro de descanso e de
aprofundamento do seu ensino. Este descanso/retiro se faz necessário, pois é
muita gente chegando para pedir socorro a ponto de limitar até as condições
para se alimentar adequadamente. Mas a proposta de descanso sugerida por Jesus se
torna uma lição inesquecível de dedicação incansável ao Reino de Deus,
concretizada na compaixão pelo povo necessitado.
De fato, enquanto os
discípulos que apenas estreavam como apóstolos ainda tinham dificuldades de
reconhecer a identidade de Jesus, as multidões cansadas e abatidas, abandonadas
pelos seus líderes e pastores políticos e religiosos, intuem quem é Jesus,
depositam nele suas derradeiras esperanças e chegam antes deles no “retiro”. É
isso que relatam os versículos subsequentes.
A dedicação
incansável de Jesus ao povo, ao lado da sua ação curadora e emancipadora, é a
lição que faltava aos apóstolos. A missão não é uma etapa, um momento, uma
entre outras atividades que nos ocupam. A divina e humana compaixão não conhece
agenda. E as pessoas descartadas pelos “pastores” de plantão são a prioridade
dos discípulos missionários. Mesmo quando se retiram para a oração e a
formação, o povo está presente e os carca por todos os lados.
Meditação:
· Releia o texto com
atenção, acompanhando o retorno dos apóstolos, o convite ao descanso, a
multidão que os rodeia
· A formação, a oração, as
celebrações e outras demandas da vida cristã não podem ser obstáculos ao
“ministério da compaixão”
· A verdadeira evangelização
(anúncio da Boa Notícia de Deus) se concretiza e culmina na compaixão
demonstrada nas ações
· Em que medida é a humana e
divina compaixão de Jesus que dinamiza nossa formação, nossa oração e nossa
missão?
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