sexta-feira, 26 de julho de 2024

O Evangelho do Reino é um tesouro que levamos em vasos de barro

O Evangelho do Reino é um tesouro que levamos em vasos de barro | 423 | 27.07.24 | Mateus 13,24-30

Ao lado da parábola do semeador, a parábola do trigo e do joio é uma das mais conhecidas dos leitores, cristãos e não cristãos. É verdade que, para não resvalarmos para uma interpretação parcial e arbitrária do dinamismo do Reino de Deus, precisamos ler conjuntamente todas as parábolas do Reino. Mas cada uma delas tem seu próprio conflito subjacente e seu foco.

Depois de termos meditado a parábola do semeador e uma das suas possíveis interpretações, hoje somos colocados diante de uma nova parábola. Qual seria o conflito ou a preocupação que subjaz à parábola do trigo e do joio? A quais questionamentos ela se propõe a responder? No contexto literário é difícil perceber, pois, no capítulo 13, Mateus agrupa um conjunto de diferentes parábolas, como se fosse um livreto separado.

A ambiguidade dos pensamentos e sentimentos, nossos e dos outros, nos atordoam. É difícil aceitar a ambivalência dos acontecimentos, instituições e estruturas. Por que as coisas e pessoas não são mais simples, transparentes e coerentes? Até a Igreja, comunidade dos discípulos de Jesus, que nasceu para ser sinal eloquente e unívoco de Jesus e do Reino de Deus, tem suas contradições e sombras que colaboram para desbotar as cores vivas do Reino.

Parece-me que é este conjunto de questões, que rondam os cristãos de ontem e hoje, que a parábola do trigo e do joio quer iluminar. Assim como Deus viu que as criaturas que brotaram de suas generosas mãos de artista são belas e boas, também a semente do Reino de Deus espalhada pelos cristãos nos diversos terrenos da missão são boas e fecundas. Mas a história e o tempo continuam sendo o terreno das imperfeições e do crescimento. A história é marcada pela ambiguidade.

Não adianta lamentar, nem é possível separar e excluir as pessoas que taxamos como maldosas ou menos boas enquanto estamos a caminho. Se é pelos frutos (que quase sempre chegam no final da vida das plantas), e não pelas folhas e pelas aparências, que conhecemos as árvores, é também pelas ações que realizamos (e não pelas fotos e pelas falas) que demonstramos quem somos e que conheceremos os outros. Aqui nada é puro, nada é perfeito, nem a Igreja: somos um povo santo e pecador.

 

Meditação:

·    Procure ler e entender esta parábola do Reino relacionando-a com as parábolas do fermento e da semente de mostarda

·    O que Jesus quer nos ensinar com a parábola do trigo e do joio? Será a passividade diante do mal?

·    Em que medida somos iludidos pelo sonho de uma Igreja e um mundo sem ambiguidades, descanso para quem desistiu de lutar?

·    Como evitar o engano de pensar que o tempo da colheita chegou, e colocarmo-nos como colhedores e não como trigo?

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