O encontro vivo
com Jesus resulta em vida plena e abundante | 404 | 08.07.24 | Mateus 9,18-26
Nesta dupla cena descrita por São Mateus, temos a
presença de vários elementos contrastantes: um chefe importante e reconhecido,
e uma mulher anônima; a impotência dos oficiais e o poder libertador de Jesus;
a doença e a cura; a prostração e a elevação; o ambiente público da rua e o
espaço privado da casa; o pedido direto e o desejo secreto de uma mulher que
não tinha ninguém por ela.
A ação compassiva e libertadora de Jesus cura e
reabilita duas pessoas que sofrem e são marginalizadas: uma mulher e uma
menina, ambas do extrato social mais vulnerável e desprezado num ambiente
patriarcal. Mas enquanto a menina tem família e é filha de uma pessoa que tem
cargo de chefia, a mulher que vê sua vida se esvaindo em sangue parece não ter
ninguém por ela.
A menina tem alguém por ela, e seu pai, como que
reconhecendo que seu poder é impotente, se aproxima de Jesus respeitosamente e
pede em favor da filha. A mulher que sofre de hemorragia, consciente de sua
pequenez, não tem ninguém que possa interceder por ela, e não pede nada: apenas
se aproxima de Jesus e toca no seu manto, mantendo em segredo seu desejo, mas
revelando sua confiança.
Há um elemento comum entre o chefe (não se diz se é
chefe dos romanos ou dos judeus) e a mulher que interrompe a caminhada de Jesus
à casa da menina do chefe: a fé na ação misericordiosa e restauradora de Jesus.
Talvez esse chefe, que em relação às crianças faz o contrário de Herodes,
represente um modelo alternativo de liderança cristã, centrado no cuidado dos
mais vulneráveis.
A mulher se aproxima de Jesus, sem reverência, mas
com grande fé, tanto que, nesse toque, Jesus reconhece sua fé e fica
impressionado. O chefe também crê que o toque de Jesus dará vida à sua filha.
Para Jesus, a fé é que fez o trabalho de cura da mulher, por isso deve ela ter
coragem, e a menina não está morta, mas precisa ser “elevada”, reestabelecida,
reinserida na sociedade, ou seja, curada.
Como os escribas e fariseus, a multidão reunida na
casa do pai da menina não espera nada de Jesus, e até caçoa dele. Jesus evita
fazer gestos espetaculares, e pede que quem espera apenas isso se retire da
cena. A cura ocorre em modo reservado, mas a notícia se espalha e chega até
nós. Cremos como a mulher e o pai da menina que o toque e a Palavra de Jesus
podem nos curar e levantar?
Meditação:
· Acompanhe cada palavra e cada gesto ou ação
desta cena, observando bem a atitude dos diversos personagens, especialmente como
as pessoas se dirigem a Jesus e o que ele faz por elas
· O que a intercessão do pai da menina e a
iniciativa da mulher doente podem nos ensinar?
· É possível perceber como Jesus evita dar
prioridade às necessidades de pessoas de classe superior em desfavor dos
pobres?
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