Passo a
passo, com recursos frágeis, o caminho se faz | 410 | 14.07.24 | Marcos 6,7-13
No
episódio que meditamos no domingo passado e antecede esta cena, o esperado
encontro de Jesus com sua família e com seus conterrâneos de Nazaré terminou em
desencontro. Jesus percebeu que, como muitos profetas, ele não era reconhecido
pelas pessoas mais próximas dele, tanto do povoado como da própria família.
Eles também eram vítimas da ideologia que não consegue acreditar na força dos
fracos.
Mas Jesus não se
rende às objeções a um Deus que assume a condição humana humilhada, que afunda
seus pés na lama deixada pelas enchentes e arregaça as mangas na reconstrução
da humanidade destruída. Os sinais mais eloquentes e transformadores do Reino
de Deus vêm exatamente da ação dos pequenos e marginalizados. Que eles atuem de
forma pública e transformadora é um sinal da libertação já conquistada. O Reino
de Deus não depende da eficácia dessas ações, pois o fato de os amordaçados
falarem já é a libertação em curso.
Indiferente a este
desprezo, Jesus põe sua confiança naquela gente pequena e desprezada que ele
acolheu e escolheu para ser uma comunidade-semente, a nova família que ele
reuniu em torno do Evangelho do Reino de Deus. E os envia para multiplicar sua
ação emancipadora por doze, sem o apoio de meios potentes, que só fazem
impressionar e intimidar. Contar com o poder do saber e do prestígio seria como
negar com os fatos a Boa Notícia que anunciavam com as palavras.
É este o significado
das recomendações que Jesus faz àqueles que envia: não levar reserva de
alimentação, nem reserva técnica de dinheiro; dispensar também as roupas
desnecessárias, ostentadas por aqueles que querem impressionar e buscam
destaque; levar apenas o cajado para se apoiar nas travessias perigosas e
calçar sandálias, para facilitar e agilizar as caminhadas. Obviamente, Jesus
não se opõe aos meios tecnológicos que podem dar maior alcance ao anúncio do
Evangelho.
Mas
Jesus pede que eles não deixem de fazer o que é indispensável: não atuem
sozinhos, mas em companhia de outros; convertam os pensamentos elitistas, que
menosprezam os pobres; curem os doentes e libertem as pessoas dominadas, para
que possam viver plenamente; evitem retaliações violentas contra aqueles que
não os ouvem nem acolhem. Eis o essencial da missão, em qualquer tempo e lugar:
sair ao encontro como amigos e hóspedes; confiar na força libertadora da
fragilidade; manter a abertura e o diálogo; fazer bem e fazer bem sem olhar a
quem.
Meditação:
·
Releia o texto com atenção, interagindo com Jesus e com aqueles
que ele escolheu e instruiu para a missão
·
Em que medida nós e nossas comunidades ainda não conseguimos
aceitar a importância das ações frágeis e pequenas?
·
Você acredita mesmo que este mundo será melhor quando o menor que
padece acreditar no menor?
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