sábado, 13 de julho de 2024

Passo a passo, com recursos frágeis, o caminho se faz

Passo a passo, com recursos frágeis, o caminho se faz | 410 | 14.07.24 | Marcos 6,7-13

No episódio que meditamos no domingo passado e antecede esta cena, o esperado encontro de Jesus com sua família e com seus conterrâneos de Nazaré terminou em desencontro. Jesus percebeu que, como muitos profetas, ele não era reconhecido pelas pessoas mais próximas dele, tanto do povoado como da própria família. Eles também eram vítimas da ideologia que não consegue acreditar na força dos fracos.

Mas Jesus não se rende às objeções a um Deus que assume a condição humana humilhada, que afunda seus pés na lama deixada pelas enchentes e arregaça as mangas na reconstrução da humanidade destruída. Os sinais mais eloquentes e transformadores do Reino de Deus vêm exatamente da ação dos pequenos e marginalizados. Que eles atuem de forma pública e transformadora é um sinal da libertação já conquistada. O Reino de Deus não depende da eficácia dessas ações, pois o fato de os amordaçados falarem já é a libertação em curso.

Indiferente a este desprezo, Jesus põe sua confiança naquela gente pequena e desprezada que ele acolheu e escolheu para ser uma comunidade-semente, a nova família que ele reuniu em torno do Evangelho do Reino de Deus. E os envia para multiplicar sua ação emancipadora por doze, sem o apoio de meios potentes, que só fazem impressionar e intimidar. Contar com o poder do saber e do prestígio seria como negar com os fatos a Boa Notícia que anunciavam com as palavras.

É este o significado das recomendações que Jesus faz àqueles que envia: não levar reserva de alimentação, nem reserva técnica de dinheiro; dispensar também as roupas desnecessárias, ostentadas por aqueles que querem impressionar e buscam destaque; levar apenas o cajado para se apoiar nas travessias perigosas e calçar sandálias, para facilitar e agilizar as caminhadas. Obviamente, Jesus não se opõe aos meios tecnológicos que podem dar maior alcance ao anúncio do Evangelho.

Mas Jesus pede que eles não deixem de fazer o que é indispensável: não atuem sozinhos, mas em companhia de outros; convertam os pensamentos elitistas, que menosprezam os pobres; curem os doentes e libertem as pessoas dominadas, para que possam viver plenamente; evitem retaliações violentas contra aqueles que não os ouvem nem acolhem. Eis o essencial da missão, em qualquer tempo e lugar: sair ao encontro como amigos e hóspedes; confiar na força libertadora da fragilidade; manter a abertura e o diálogo; fazer bem e fazer bem sem olhar a quem.

 

Meditação:

·        Releia o texto com atenção, interagindo com Jesus e com aqueles que ele escolheu e instruiu para a missão

·        Em que medida nós e nossas comunidades ainda não conseguimos aceitar a importância das ações frágeis e pequenas?

·        Você acredita mesmo que este mundo será melhor quando o menor que padece acreditar no menor?

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