O pouco partilhado é muito, e o muito
sem partilha é nada! | 424 | 28.07.24 | João 6,1-15
No capítulo 6 do seu evangelho, João
nos apresenta o primeiro encontro de Jesus com a multidão. O episódio está
cronologicamente situado próximo à festa da páscoa judaica, e, na ocasião,
Jesus realiza dois sinais muito importantes: a multiplicação dos pães, às
margens do lago, diante de uma multidão e a serviço dela; a caminhada sobre as
águas, um sinal mais discreto, na presença apenas dos discípulos.
Jesus está no apogeu da sua missão. A multidão acolhe seu
ensinamento e acredita nele, graças aos sinais que realiza. Mas a sua fama e a
crescente multidão que vai ao seu encontro acaba provocando uma forte crise:
onde encontrar alimento para toda essa gente? Os discípulos já haviam discutido
sobre isso, como o demonstra a resposta de Filipe. Eles haviam calculado que
dar uma refeição, mesmo que frugal, ao povo teria um custo equivalente a 100
dias de trabalho!
Jesus convoca os discípulos a agir e cooperar com ele, mas
Filipe não vislumbra solução fora do sistema dominante: comprar e vender. André
visualiza um começo de solução: comunica a Jesus o que a comunidade reserva
para si mesma. O menino (“criadinho”), símbolo do discípulo, entrega o pouco
que tem, sem reservar nada para si. E Jesus faz pelo povo aquilo que se
recusara a fazer para si mesmo.
Jesus toma os pães de cevada (alimento de baixa qualidade!)
e os peixes e dá graças a Deus. Com isso, liberta estes bens da apropriação privada
e exclusiva, e proclama que eles pertencem a Deus. É quando devolvemos o que
temos a quem lhe pertence de verdade que brota a abundância na mesa de todos.
Mas os bens só produzem vida abundante quando os discípulos servem.
A
resposta da multidão a essa ação de Jesus é o reconhecimento de que ele é o
Profeta que esperavam. Mas esse entusiasmo traz em si mesmo e esconde uma
tentação: fazer de Jesus um rei, um chefe político, um protagonista que
dispensa a cooperação dos demais. Este é o risco que ronda os líderes, tanto
políticos como religiosos, quando fascinam o povo. Jesus se retira sozinho, em
busca de integridade e serenidade de coração. Ele se afasta dos discípulos
(também tentados pelo poder e pela passividade) e da multidão para se manter
fiel à vontade do Pai: confiar às pessoas e solução dos problemas sociais
concretos.
Meditação:
· Leia atentamente, palavra por palavra, gesto
por gesto este episódio ambientado no deserto, pouco antes da páscoa dos judeus
· Você se
percebe no meio da multidão faminta, que espera alimento, ou entre os
discípulos que são chamados a colaborar com Jesus?
· Qual é
sua reação diante dos problemas que afligem o povo hoje: indiferença? Busca de
culpados? Busca de soluções?
· O que
você está disposto a colocar hoje nas mãos de Jesus para que ele ajude a
diminuir o sofrimento do seu povo?
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