Jesus é o Servo enviado pelo Pai para
elevar o homem humilhado | 416 | 20.07.24 | Mateus 12,14-21
Jesus havia questionado fortemente o ensino e a
prática dos fariseus, orgulhosos da sua piedade ostensiva, afirmando a
prioridade da vida sobre a lei. Isso ficou muito claro nos episódios dos
discípulos que colhem trigo para comer em dia de sábado e na cura do homem com
mão seca (cf. 12,1-8 e 12,9-13), o primeiro dos quais lemos e comentamos ontem.
Os fariseus sentem o golpe, mas não desistem, e, no sagrado dia de sábado,
tramam a morte de Jesus.
Sabendo disso, Jesus retira-se do ambiente da
sinagoga. Uma multidão de gente necessitada, mesmo sem conhecer a fundo e sem
aderir a Jesus, vai atrás dele em busca de alívio para seus fardos, que são
muitos e pesados. E o evangelista diz que ninguém voltou sem ser beneficiado. O
que a religião oficial do judaísmo e seus agentes não conseguem ou não querem
fazer, Jesus faz, sem descanso e sem impor condições. Mas ele rejeita toda
forma de publicidade pelo bem que faz, e isso é bem diferente de alguns
pregadores que conhecemos.
Nesse momento, o evangelista busca na profecia de
Isaías a chave para bem entender a identidade e o modo de agir de Jesus. Jesus
é o Servo anunciado pelo profeta, uma realização plena e superior do resto
humilde e fecundo do povo deportado. Sendo Servo, Jesus não assusta nem oprime,
mas traz vida e bem-viver. O Servo (a palavra hebraica é a mesma para dizer “servo”
e “criança”) é aquele que faz em tudo a vontade de Deus, e não a sua, ou a
vontade das instituições.
Jesus é também o filho Amado do Pai, aquele que
realmente o agrada, pois o amor compassivo e misericordioso é a base e a
motivação de tudo o que diz e faz. Ele é o Escolhido a dedo por Deus Pai para
realizar uma missão e, para tanto, foi ungido e recebeu o dinamismo do Espírito
de Deus, a própria ação de Deus no mundo. Ele recupera a sociedade e o mundo de
caídos e diminuídos pelas mais diversas forças de opressão, e os faz como Deus
os sonhou.
Sendo Servo, Amado e Escolhido, Jesus evita gastar
tempo em discussões teóricas e não se ocupa com a própria defesa. Ele não grita
nas praças, como faziam os mensageiros dos imperadores. Ele não é peso ou
ameaça para quem está atribulado e fragilizado, como pavio que vai se apagando.
Ele não quebra quem já está “moído” pela dominação, como a cana. Ele é a
esperança de todos povos, a visita de Deus que estabelece sua morada definitiva
na humanidade.
Meditação:
·
Acolha
e deixe ressoar em você as imagens eloquentes do profeta Isaías: Servo, Amado, Escolhido,
Enviado.
·
Como
poderemos testemunhar um Jesus Cristo que não grita para se impor, não quebra
quem já está machucado, que não esmaga quem já está arrasado?
·
Você
não acha que gastamos muito tempo e energia defendendo-nos e em discussões
estéreis com quem se opõe ao Evangelho?
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