A maior e
mais profunda alegria de Jesus é ser entendido pelos humildes | 413 | 17.07.24
| Mateus 11,25-27
Ontem, na celebração de Nossa Senhora do Carmo, a
cena da mãe e dos parentes de Jesus que vão à sua procura nos chamava a fazer
parte da família de Jesus mediante a prática da vontade de Deus em nossa vida
cotidiana. No breve texto de hoje, Jesus muda radicalmente de tom, e se dirige
carinhosamente aos discípulos e discípulas, como que para consolar e fortalecer
quem se sente inseguro.
Na sua lucidez, Jesus não ignora a divisão e a
rejeição que seu Evangelho provoca. Mas, a partir da sua intimidade com o Pai,
percebe que há gente generosa que o acolhe, adere a ele, muda o rumo da própria
vida. Ele sabe que essa é a vontade do Pai: que o Reino de Deus, que pertence
aos pequenos, humildes e pobres, seja por eles levado adiante, não obstante a
extrema limitação dos meios ao alcance deles. Nisso, os sábios das academias e
os poderosos entronados contam pouco.
Os sábios e entendidos que se fecham à Boa Notícia
do Reino de Deus são as elites culturais, políticas e religiosas, todos os
grupos que se sentem superiores, sabidos e seguros, e não conseguem admitir
nada além dos próprios interesses de classe. Mas, entre eles, há também outros
menos elitizados, que se deixam influenciar por essa mentalidade, e se fecham à
novidade libertadora de Deus: algumas cidades, gente do povo e até parentes de
Jesus. Tanto ontem como hoje!
Os “pequeninos” dos quais Jesus fala são as pessoas
humildes, sem segurança, receptivas ao Evangelho e à pessoa de Jesus, aquelas
que o seguem como discípulas, dispostas e aprender sempre. São as pessoas mais
vulneráveis, às vezes iludidas pelos doutores da lei, e até vistas como tolas.
São as pessoas que entram para a comunidade dos discípulos, convictas de que
mestre não é quem sabe tudo, mas quem aprende sempre, que vivem como eternas
aprendizes.
Mas, atenção! Não é pelo fato de sermos contados entre os batizados ou
“frequentadores” dos sacramentos que somos automaticamente discípulos e estamos
livres da arrogância de quem pensa saber tudo. Na relação interna em nossas
comunidades, e na postura diante das demais confissões cristãs e outras
religiões, é frequente sentirmo-nos melhores, superiores e entendidos. Ou eu
estou enganado?
Meditação:
· Sublinhe ou se detenha na palavra ou frase de
Jesus que lhe parece mais bela e significativa nesse momento
· Em quais circunstâncias você se percebe agindo
como sábio/a e entendido/a, que tem tudo a ensinar e nada a aprender?
· Como poderíamos traduzir, com palavras e para as
situações de hoje, essa belíssima alocução de Jesus?
· O que fazer para deixar-se surpreender a cada
dia pelas delicadezas de um Deus que tem prazer em ser acolhido pelas pessoas
humildes e afirmar a dignidade das vítimas?
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